Os bancos começam a ver uma recuperação mais rápida da economia brasileira, com recessão em 2016 menor que aquela até então estimada. Ontem, Itaú Unibanco e BNP Paribas divulgaram previsões melhores para o Produto Interno Bruto (PIB). A do Itaú Unibanco passou de queda de 4% para recuo de 3,5%, enquanto o BNP Paribas mudou de perda de 4% para 3%. Na semana passada, o Bradesco já tinha alterado a estimativa de recessão de 3,5% para 3%.
A surpresa positiva com o resultado do PIB no primeiro trimestre — cujo recuo frente ao quarto trimestre foi de 0,3%, abaixo das previsões de queda de 0,8% —, ao lado da melhora dos indicadores de confiança e do processo de redução de estoques da indústria ajudam a explicar as revisões. Alguns acreditam que a economia já volte a crescer no terceiro trimestre, mas o Itaú Unibanco, por exemplo, só vê este movimento em 2017.
“Para que esse crescimento seja sustentável, é preciso ter ganho de confiança, com a aprovação das medidas fiscais e um cenário de mais previsibilidade. E isso pode ajudar os investimentos”, afirma o economista do Itaú Unibanco Felipe Salles.
Ele diz que o setor externo deve puxar o início da recuperação, mas sozinho não bastaria “para tirar a economia da recessão”. Por isso, aponta a importância da retomada dos investimentos. Já o consumo das famílias ficará na retaguarda, diz Salles, a reboque da piora do mercado de trabalho, que deve continuar até 2017.
Para Igor Velecico, economista do Bradesco, porém, o consumo pode se estabilizar na medida em que a incerteza diminuir, mesmo que o desemprego continue aumentando por alguns trimestres. Segundo ele, o consumo em baixa reflete uma precaução em razão da incerteza e pode haver reação positiva do consumo no segundo semestre.
Em relatório assinado pelos economistas Marcelo Carvalho e Gustavo Arruda, o BNP Paribas diz que o país vive “o momento de virada”. Eles dizem que é difícil identificar esses momentos, porque os setores reagem em ritmos diferentes, mas que os indicadores de confiança de empresários e consumidores estão avançando. Na avaliação de Carvalho e Arruda, o padrão histórico da economia brasileira é de uma recuperação mais rápida do que o mercado espera e até do que a projeção do BNP Paribas (de alta de 2% em 2017). Considerando momentos passados, a alta seria de 4%.
Com uma projeção de recuo do PIB em 3,5% desde outubro, o chefe de economia e estratégia do Bank of America Merrill Lynch, David Beker, afirma que tem projeção “confortável” e não prevê mudanças.
“Não dá para escapar de uma recessão pesada em 2016. A grande questão é quando será a virada este ano, para saber qual será o impacto estatístico em 2017”, diz ele.
Para 2017, as projeções são de avanço de 1% (Itaú Unibanco), 1,5% (Bradesco) e 2% (BNP Paribas) e não foram alteradas.