O diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes, avaliou nesta quinta-feira (15) que a redução das taxas de desconto (custo) cobradas dos lojistas nas operações com cartões de crédito, esperada por conta do fim da exclusividade da Cielo com a Visa e da Redecard com a Mastercard, deve ser um processo "lento e gradual".
Os terminais de pagamento passaram a processar, desde 1º de julho, os cartões de todas as bandeiras. Com a medida, os lojistas poderão optar por uma única máquina para passar todos os cartões, independentemente da bandeira adotada. Cielo e Redecard dividem mais de 90% do mercado de credenciamento de lojistas para cartões de crédito e de débito.
"Qualquer pessoa percebe como os credenciadores (Cielo e Redecard, por exemplo) estão competindo entre si. Os lojistas, de forma organizada, poderão tirar proveito disso, com impacto para os preços aos consumidores", afirmou Aldo Mendes, do BC.
Dados da autoridade monetária mostram que a taxa média de desconto (cobrada dos lojistas), nas transações com cartões de crédito, subiu de 2,95%, em 2007, para 2,98% no fim de 2009. De acordo com o BC, o aumento de transações com pagamento parcelado (no qual o risco dos bancos é maior) pode ter sido a causa deste aumento.
Em outros países, de acordo com a instituição, essa taxa de desconto cobrada, nas operações com cartões de crédito, varia de 2,5% a 2,8%. "Não dá para dizer para quanto vai a taxa de desconto no Brasil", disse o chefe do Departamento de Operações Bancárias do BC, José Antonio Marcian.
Entretanto, os lojistas recebem o pagamento muito mais rápido do que no Brasil. Enquanto em outros países, o pagamento é recebido entre 6 e 15 dias, no Brasil o prazo médio é de 28 a 30 dias, informou a autoridade monetária.
Nesta quarta-feira (14), o presidente do BC, Henrique Meirelles, informou que deverá ser enviada, até o fim de setembro ao Conselho Monetário Nacional (CMN), uma proposta de regulamentação das tarifas cobradas pelo uso dos cartões de crédito - que ainda não possuem legislação específica, ao contrário dos demais serviços prestados pelos bancos.
Nas transações com cartões de débito, informou o BC, a taxa média de desconto não sofreu alteração e manteve-se em torno de 1,6%.
Nos últimos dois anos, o lucro dos credenciadores de cartões apresentou crescimento médio de 25,9%, de acordo com a autoridade monetária, mantendo a "tendência de elevação verificada em 2007".
"Com a alta, a divisão do lucro da indústria, entre emissores e credenciadores, apresentou alteração, tendo a participação dos credenciadores elevado-se dos 32,9% de 2007 para 49%. Isso pode ser reflexo da crise financeira internacional de 2008, pois o aumento da inadimplência afeta a lucratividade dos emissores", informou a instituição.