Os reservatórios das hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o principal do país, começaram a semana ocupando apenas 32,4% de sua capacidade, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) referentes a segunda-feira (18). O nível atual é o mais baixo para esta época do ano desde 2001, quando foi decretado racionamento de energia. Em meados de agosto daquele ano, o nível dos lagos era de pouco mais de um quarto do volume máximo.
Veja a variação do nível dos reservatórios nos últimos anos
Nos últimos 30 dias, o patamar dos reservatórios recuou 2,5 pontos porcentuais. O ONS prevê uma pequena melhora para os próximos dias, com o índice subindo para 32,9% até sexta-feira (22). Mas depois os lagos devem voltar a baixar, chegando a 30,2% no dia 31. Os números preocupam porque esse subsistema é tido como a caixa dágua do país ele responde por 70% da capacidade de armazenamento do Sistema Interligado Nacional.
A falta de chuva mantém o setor elétrico sob pressão, pagando preços elevados pela energia das dezenas de usinas térmicas que estão ligadas para compensar a menor geração hidrelétrica. Nos últimos dias, cerca de um quarto da demanda nacional tem sido suprida pelas termelétricas, que têm alto custo de operação e são movidas a combustíveis fósseis como gás natural, carvão e óleo combustível.
Essa situação só não é uma ameaça ainda mais séria ao abastecimento porque, com a lentidão da economia, o uso de energia está crescendo mais devagar em 2014. No primeiro semestre, o consumo nacional aumentou 3,7%, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Outras regiões
As barragens estão esvaziadas também no Nordeste, segundo maior subsistema do país. Na região, que concentra 18% da capacidade de armazenamento, o índice dos reservatórios era de apenas 29,4% no início desta semana e deve cair a 27% até o fim do mês, segundo o ONS.
Os lagos estão mais cheios justamente nos dois menores subsistemas, o Sul e o Nordeste, que juntos respondem por apenas 12% da capacidade nacional. Neles, os reservatórios ocupavam na segunda-feira 81,9% e 75,4% do volume máximo, respectivamente. Em ambas as regiões, os níveis devem subir até dia 31, chegando a 82,6% e 76,4%, conforme o operador.
As previsões do ONS para a afluência quantidade de água que chega às represas foram revisadas para baixo nas últimas semanas. No início do mês, o operador esperava que em agosto a afluência no Sudeste/Centro-Oeste seria equivalente a 93% da média histórica, mas já rebaixou a projeção para 85%.
A revisão mais drástica foi a da previsão para o Sul. No começo de agosto, a projeção do ONS era de uma afluência de 117% da média histórica, ou seja, esperava-se mais chuvas que o normal para o mês. Agora, no entanto, a expectativa é de 74% da média. No Norte e no Nordeste as chuvas também devem ficar bem abaixo da média histórica, em 77% e 56%, respectivamente.