Os líderes da União Européia (UE) concordaram nesta sexta-feira em dar apoio aos bancos do bloco, mas não chegaram a plano comum para recuperar suas economias. Após dois dias de reunião de cúpula, os líderes chegaram a um acordo pelo qual todos os 27 Estados membros vão participar do pacote de suporte bancário criado no último domingo pelo Reino Unido e pelos 15 países da zona do euro.
Alguns dos líderes argumentaram que a UE também deveria dar assistência aos mutuários do sistema imobiliário com o objetivo de ajudar a "economia real", mas não houve pressão para um pacote no estilo do adotado nos Estados Unidos. "Nós não discutimos um pacote de estímulo", disse o primeiro-ministro da Dinamarca, Anders Fogh Rasmussen. "Mas, claro, estamos muito preocupados sobre o possível impacto negativo na economia real."
A UE não vai promulgar cortes generalizados de impostos, disse o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, em entrevista coletiva à imprensa após o término da reunião. Ele enfatizou que a recuperação da confiança nos mercados financeiros é muito importante para estimular a economia do bloco.
O pacote de suporte aos bancos, divulgado no último domingo, fez com que os mercados de ações subissem na segunda-feira. Mas investidores, temendo uma recessão profunda e prolongada, venderam ações nos três dias seguintes. "Nós estaríamos mentindo se disséssemos que não estamos acompanhando o que está acontecendo nos mercados de ações", disse o presidente da França Nicolas Sarkozy. Mas ressalvou que as políticas da UE não devem se concentrar em problemas de curto prazo.
Em vez de um plano concreto, os líderes divulgaram nesta quinta-feira um comunicado pedindo que a Comissão Européia, o braço executivo da UE, sugira formas de preservar o crescimento econômico e o emprego.
Eles também deixaram a porta aberta para que os países, individualmente, cortem impostos ou aumentem os gastos governamentais durante a crise, lembrando que as regras fiscais da UE devem levar em conta circunstâncias "excepcionais". As regras do bloco restringem o déficit orçamentário dos países em 3% do Produto Interno Bruto (PIB), embora ofereçam flexibilidade em casos de problemas econômicos inesperados e extremos.
Revisão financeira
Nas próximas semanas, os líderes da UE planejam concentrar-se numa revisão do sistema de Bretton Woods, que vem guiando a economia global desde 1944. Sarkozy e o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, vão se reunir com o presidente dos EUA, George W. Bush, no próximo sábado, para discutir essas mudanças e pressionar pela realização de uma reunião de cúpula internacional antes do final de novembro. "Nós queremos isso, nós pedimos isso e estamos confiantes de que obteremos isso", disse Sarkozy. "Nós não podemos perder a oportunidade de dar um novo formato para o sistema financeiro mundial."
A UE deve fazer pressão para que haja maior coordenação internacional sobre a supervisão do mercado financeiro e argumentar que os mercados de grandes economias emergentes, particularmente China e Índia, devem ter papel central neste sistema financeiro reformulado. As informações são da Dow Jones.