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Reunião na ANTT termina sem acordo e caminhoneiros ameaçam bloquear rodovias

Categoria bloqueou estradas de todo o país no começo do ano, em fevereiro | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Categoria bloqueou estradas de todo o país no começo do ano, em fevereiro (Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo)

Terminou sem acordo nesta quarta-feira (22) a terceira reunião entre representantes dos caminhoneiros e o governo federal para discutir questões relacionadas ao preço do frete. De acordo com o representante dos caminhoneiros autônomos, Jamir Botelho, o governo não aceitou a definição de uma tabela de preços mínimos para o frete.

“A resposta que tivemos é de que pode haver apenas uma tabela de referência. Reconhecemos que o governo tem se esforçado, mas nos sentimos derrotados”, afirmou Botelho após reunião na sede da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Estavam presentes os ministros Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues

Na saída da reunião, diversos caminhoneiros deram as mãos e gritaram: “O Brasil vai parar”. A categoria ameaça voltar a bloquear as rodovias a partir desta quinta-feira (23), como aconteceu no começo do ano.

O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Centro-Oeste, Gilson Baitaca, confirmou que a categoria está preparada para começar as paralisações nas rodovias a partir da zero hora desta quinta. “As tendas já estão armadas e a categoria já está preparada”, afirmou.

O sindicalista defendeu ser possível o estabelecimento de um preço mínimo de frete, embora o governo julgue a proposta dos caminhoneiros inconstitucional. “Existem produtos tabelados como o cigarro e o que queremos é uma tabela de custos do transporte. Seria um preço mínimo e, a partir desse patamar, haveria livre concorrência”, completou.

As indústrias que contratam frete, especialmente aquelas que trabalham com produtos agrícolas, são contrárias a um tabelamento e sugeriram a criação de uma bolsa de fretes para dar transparência ao setor.

As empresas que precisam transportar cargas defendem que o tabelamento de fretes, além de ser inconstitucional, contraria a livre concorrência e a livre iniciativa, e poderia elevar a inflação.

Impacto

Protestos de caminhoneiros em fevereiro e início de março paralisaram dezenas de rodovias, afetando exportações brasileiras e a movimentação de cargas no país, com reflexos negativos para a economia. Os protestos geraram prejuízo de cerca de R$ 700 milhões para a indústria de carnes de aves e suínos, com os bloqueios de rodovias paralisando abates e afetando o transporte de insumos e produtos.

Uma greve no momento poderia ser ainda mais danosa ao país, uma vez que o Brasil está apenas no início dos embarques de uma safra recorde de soja, o principal produto brasileiro de exportação em março.

Representantes dos agricultores de Mato Grosso, uma das regiões mais afetadas pelos protestos, acreditam que a nova greve não será tão intensa como foi a anterior.

“Não acredito que eles consigam, ao menos de imediato, paralisar novamente na intensidade que estavam. A comunicação entre eles está muito divergente para paralisarem novamente” Antônio Galvan, presidente do Sindicato Rural de Sinop, no norte de Mato Grosso.

Negociação

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência não respondeu diretamente se acha que a greve será menos intensa do que a de fevereiro, mas disse estar seguro de que “a ampla maioria da categoria vai apoiar as propostas apresentadas pelo governo”.

Rossetto lembrou que o governo sancionou a Lei dos Caminhoneiros que prevê a isenção da cobrança de pedágios por eixo suspenso e disse que a tabela referencial proposta pelo governo é um “forte instrumento” para a negociação dos preços de fretes.

Ele reiterou que a tabela impositiva, demandada pelos caminhoneiros, não tem amparo legal e teria dificuldades para implementação. “Entre dezenas de conquistas, há um único ponto em que não houve concordância”, disse.

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