A mineradora global Rio Tinto estendeu sua oferta de US$ 3,9 bilhões para aquisição da produtora de carvão Riversdale, focada em Moçambique, para 4 de março, em meio a sinais de que a Companhia Siderúrgica Nacional esteja tentando assegurar oferta da commodity.
A prorrogação do prazo em duas semanas aconteceu no mesmo dia em que a CSN elevou sua participação na Riversdale para 19,9%, pouco abaixo do nível que obrigaria a empresa a fazer uma oferta compulsória de aquisição.
As ações da Riversdale encerraram em ligeira alta de 0,63%, a 15,95 dólares australianos, indicando que os investidores não estão esperando que a CSN faça uma contra-proposta pela mineradora.
Em vez disso, investidores se mostraram preocupados de que a Rio Tinto pode não conseguir cumprir condição de aceitação mínima de 50,1% dos acionistas sem o apoio da CSN.
"A preocupação no mercado é de que a Rio venha a desistir da operação", disse Hayden Bairstow, analista da CLSA.
A Rio Tinto reiterou que a Riversdale informou não ter recebido nenhuma outra oferta.
A CSN, segunda maior acionista da Riversdale depois da indiana Tata Steel, ainda não informou quais são suas intenções, mas investidores e especialistas da indústria avaliam que seu principal objetivo é aumentar o poder de barganha diante da Rio Tinto para assegurar suprimento de carvão.
Quando a CSN comprou participação na Riversdale pela primeira vez, a companhia divulgou que seu principal interesse era garantir oferta de carvão para suas usinas siderúrgicas, por isso analistas do mercado e observadores da indústria têm minimizado a possibilidade de que a empresa venha a fazer uma oferta pela mineradora.
"Aumentar a participação pode ser uma estratégia para colocar pressão na Rio para que aumente sua oferta", disse Gregory Lafitte, da LCM.
A Rio Tinto tem negociado com a Tata Steel e a CSN, mas nenhuma das siderúrgicas afirmou ainda se vai aceitar a oferta da mineradora australiana pela produtora de carvão.
A única indicação da posição da Tata Steel foi dada por seu representante no conselho da Riversdale, N. K. Misra, no sentido de apoiar a oferta.
Uma vez que Misra é diretor da Tata para fusões e aquisições, a recomendação dele para a oferta da Rio Tinto torna claro, pelo menos, que a Tata Steel não tem intenção de fazer uma oferta rival à da Rio Tinto.