O risco de recaída, no que se refere à crise financeira internacional, existe principalmente nos países nos quais ela se originou, mas não é grande, segundo avaliação feita pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, nesta terça-feira (27) durante reunião com a bancada do PMDB no Congresso Nacional.
"Se o rebote [da crise] acontecer, o Brasil está preparado para a recaída. Estamos atentos. Estamos com o armamento pronto", disse Meirelles a parlamentares. Segundo ele, entretanto, o cenário mais provável não é de recaída neste momento, mas sim de "recuperação gradual, lenta e consistente".
Para o presidente do BC, é "pouco provável" um cenário de recessão em "W", pelo qual haveria uma nova queda do PIB mundial antes de uma recuperação definitiva da economia global.
Câmbio
Sobre a queda do dólar, Meirelles afirmou que o BC atua para "evitar distorções na formação de preços no mercado". Ele lembrou que, no fim do ano passado, a instituição comprou divisas, porque estava faltando dólares no mercado devido à crise financeira. Nos últimos meses, com o retorno das divisas, a autoridade monetária voltou a comprar dólares.
O presidente do BC informou que o capital especulativo, que fica pouco tempo no país, era um grande problema no passado. "O fluxo cambial está sendo muito influenciado pelas entradas de investimentos estrangeiro direto, de recursos para bolsas de valores e para renda fixa. Não há dúvida de que há uma preocupação a este respeito, mas temos de tomar cuidado para não repetir erros de outras economias", afirmou ele.
Gargalos
Na avaliação de Henrique Meirelles, os dois grandes desafios do Brasil, para manter o crescimento nos próximos anos, é continuar investindo em infraestrutura e em Educação. "Os dois grandes desafios do Brasil são o gargalo em infraestrutura, mas também de mão-de-obra especializada para poder atender a esse aumento da produção e serviços em todas as áreas", disse ele. Segundo ele, o exemplo de outros países, como a China, mostra que esse é um processo longo. "Tem de ter uma consistência por vários anos e décadas. É a rota a ser seguida pelos próximos governos", disse ele.
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