Governo deve criar agência
Tudo indica que o governo deve voltar atrás na sua decisão de criar uma estatal para o mercado de seguros. O Ministério da Fazenda chegou a enviar à Casa Civil, em julho, o texto da Medida Provisória (MP) que criaria a Empresa Brasileira de Seguros (EBS). A justificativa das autoridades é atuar em áreas não cobertas pela iniciativa privada, especialmente na garantia para operações de crédito de habitação, financiamento estudantil e pequenas empresas.
Entre 2010 e 2012, o mercado de seguros no Paraná deve crescer 48%, segundo estimativa do Sindicato das Empresas de Seguros Privados do Paraná e do Mato Grosso do Sul (Sindseg-PR/MS). Obras de infraestrutura, expansão da indústria local, crescimento da frota de automóveis e do mercado imobiliário são apontados como os principais responsáveis pela alta, de acordo com executivos do setor. Em 2009, o mercado de seguros do estado faturou cerca de R$ 6,2 bilhões. No país, foram R$ 104,7 bilhões, o equivalente a 3,42% do PIB.
As projeções de crescimento são sustentadas no bom momento vivido pelo segmento no estado. A alemã Allianz, segunda maior seguradora do mundo e sexta no Brasil, cresceu 21% no Paraná entre janeiro e junho deste ano, na comparação com o mesmo período do ano anterior. A média de crescimento da empresa no país ficou abaixo disso, em 14%. "Foram vários fatores que contribuíram para a alta, especialmente porque a Allianz tem um portfolio bastante diversificado. A expansão da indústria local, por exemplo, foi um fator bastante significativo mais até do que o surgimento de novas indústrias. O comércio com o Mercosul está favorecendo as empresas do Sul, e isso reflete no nosso negócio", comemora o chileno Max Thiermann, presidente da Allianz no Brasil.
O Paraná representou 7% do faturamento de R$ 2,15 bilhões da seguradora em 2009. Thiermann também cita o boom imobiliário em Curitiba como responsável pelo resultado. "Além do seguro para a construtora, cresceu muito o seguro de condomínio, que é obrigatório por lei", afirma.
A valorização dos imóveis tem impacto direto no valor do prêmio das seguradoras. "Aproximadamente 15% das residências cadastradas possuem algum tipo de seguro. O número ainda é modesto e tem potencial para crescimento, mas as renovações desses contratos vão acompanhar a valorização da metragem quadrada, que está subindo muito na cidade", diz o diretor-executivo do Sindseg-PR/MS, Ramiro Fernandes Dias.
Infraestrutura
O grande filão na mira das seguradoras, porém, é o segmento de infraestrutura que demanda capacidade de retenção de risco elevada e, portanto, pode ser bastante lucrativo. As grandes obras devem voltar à pauta de prioridades de investimento do estado com a mudança de governo e a escolha de Curitiba como sede da Copa de 2014, afirma o empresário Alexandre Malucelli, vice-presidente da maior seguradora de garantia da América Latina, a J. Malucelli Seguradora , com sede na capital. "O governo do (Roberto) Requião não tinha a infraestrutura como prioridade. A gente entende que o próximo governo que assumir em janeiro, seja de quem for, vai voltar a fazer investimentos nessa área, para que o Paraná possa crescer no mesmo ritmo do Brasil", prevê.
Malucelli lembra que as obras para que Curitiba possa ser sede da Copa devem beneficiar as seguradoras que atuam no ramo de garantia, destinado ao cumprimento das obrigações contratuais estipuladas entre governo e construtoras. "O fato de a Copa ser aqui gera investimentos em aeroportos, rodovias e transporte coletivos, por exemplo. Todos setores em que a gente está envolvido de uma forma indireta."
Automóveis
Responsável por 30% do mercado de seguros do país, o grupo de automóveis também deve manter o crescimento registrado nos últimos anos, que acompanha o ritmo de aumento da frota. "Esse é um segmento que tem crescido de 13% a 14% ao ano. É um mercado relativamente estável, e deve continuar nesse ritmo com a facilidade de crédito para a compra de carros", afirma Moacir Abba, diretor regional da HDI Seguros, empresa que tem 90% de seu mercado no seguro de automóveis.
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