O ciclo de aumento dos juros que levou a taxa Selic de volta aos dois dígitos na noite de quarta-feira, 27, faz parte de esforço do governo Dilma Rousseff de tentar acalmar os descontentes com os rumos da economia. A avaliação é do jornal britânico Financial Times, que fala em "guinada de Dilma Rousseff", elogia o esforço do Banco Central para conter a inflação e cita que a subida dos juros pode ser entendida como um sinal de maior autonomia do BC.

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Com o título "Guerra do Brasil contra a inflação no esforço para acalmar a agitação", a reportagem, que tem chamada na primeira página da edição desta quinta-feira, 28, do FT, afirma que o movimento do governo brasileiro vem em reação aos protestos populares de meados do ano. A insatisfação popular, diz a publicação, teria sido motivada especialmente pelo aumento da inflação.

"A inflação não termina o ano perto da meta de 4,5% desde 2009. Isso também é um ponto de preocupação dos investidores que acusam o Partido dos Trabalhadores de abusar do regime de metas de inflação, a pedra angular do desenvolvimento do Brasil. A guinada da política monetária este ano foi, portanto, bem-vinda por muitos que veem isso como um sinal de maior autonomia do Banco Central", diz o texto publicado no jornal britânico.

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A reportagem relaciona essa reação mais ortodoxa do governo brasileiro aos protestos populares. "Economistas dizem que a raiz dos protestos é a insatisfação com o aumento do custo de vida", cita o texto. Essa análise teria levado o governo a "executar o maior ciclo de aperto monetário do mundo este ano para combater a inflação".

O FT lembra que a taxa Selic chegou ao piso histórico de 7,25% em outubro do ano passado. "Isso foi anunciado como uma vitória política para a presidente Dilma Rousseff, marcando uma nova era para um país que sofreu por muito tempo com os altos custos dos empréstimos", afirma o texto. "Mas, depois de segurar a taxa estável até abril, o Brasil aumentou o juro cinco vezes seguidas e ontem aumentou em mais 50 pontos base, para 10%, empurrando a taxa para os dois dígitos pela primeira vez em quase dois anos".

A reportagem ouviu acadêmicos e economistas no Brasil que avaliam que a volta aos juros de dois dígitos pode ser considerada uma derrota para a presidente. A inflação mais alta, porém, poderia representar uma derrota ainda maior para Dilma Rousseff, diz o jornal.