Apesar da agropecuária e da construção civil terem puxado o crescimento do PIB no terceiro trimestre, as entidades do Paraná ligadas a esses setores fazem uma avaliação contida sobre seu desempenho. De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR), Júlio Araújo Filho, o crescimento de 5% no acumulado de janeiro a setembro de 2006 reflete apenas a recuperação da atividade. "De 1999 ao início de 2000 tivemos uma forte demanda de trabalho e produção no setor. Já entre 2001 e 2003 sofremos uma queda de 10%. O que aconteceu de dois anos pra cá é apenas a construção civil recuperando o espaço perdido", explica.
Na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os dados confirmam o baixo desempenho da indústria de transformação ao longo de 2006, que cresceu só 1,4% no acumulado do ano, frente ao mesmo período de 2005. Para o Iedi, apesar da redução dos juros ao longo do ano, eles ainda se mantém num patamar elevado em termos nominais e reais.
Para a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o levantamento do IBGE confirma que o crescimento do Brasil ficará abaixo de 3%. "Já há alguns meses tínhamos essa convicção. Não houve nenhum fato que pudesse estimular a atividade econômica. Houve aumento de consumo, mas não a ponto de compensar as dificuldades enfrentadas pela indústria e pela agricultura", declarou o presidente da Fiep, Rodrigo Rocha Loures.
O engenheiro agrônomo e assessor técnico da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti, relaciona o bom número do PIB da agropecuária no trimestre a alguns setores.
"O café, o setor do açúcar e do álcool e a recuperação do setor das carnes que sofreram com o período da aftosa e ainda têm problemas com a exportação de suínos para alguns países ajudaram no resultado do PIB. Mas as atividades de maior força no Paraná, como soja, milho e trigo tiveram safras menores", pondera.
Por conta dos preços das commodities terem apresentado queda ao longo do ano, o PIB do Paraná deve fechar o ano em um patamar inferior à média brasileira, avalia o economista técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), Cid Cordeiro. "A crise sanitária e o período de seca também prejudicaram a agropecuária, que tem um grande peso na economia do Paraná", disse.