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O setor de veículos do Brasil espera recuperar este ano parte da queda da produção de 2014, em uma aposta de que o câmbio ajudará a reduzir a participação das importações nas vendas e de que a legislação que acelera a retomada de bens de inadimplentes incentive os bancos a elevar os financiamentos aos consumidores.
A associação que representa o setor, Anfavea, espera alta de 4,1% na produção em 2015, para 3,276 milhões de veículos, após um tombo de 15,3% em 2014. A expectativa para as vendas internas é de estabilidade, após queda de 7,1% em 2014, para 3,498 milhões de veículos.
"Temos expectativa bastante grande de que a nova legislação de retomada de bens terá efeito extremamente positivo no mercado, fazendo o setor bancário voltar a financiar as vendas", disse a jornalistas o presidente da Anfavea, Luiz Moan.
"Além disso, a nossa projeção indica participação menor dos importados nas vendas internas, com o câmbio sendo um dos fatores", acrescentou, afirmando que a fatia esperada dos importados é de 16% em 2015, ante 17,6% em 2014.
Perguntado se as projeções da entidade não seriam otimistas dada a estagnação do crescimento econômico, contexto de aperto fiscal pelo governo federal e dificuldades persistindo na Argentina, grande cliente de veículos do Brasil, Moan respondeu que considera os números estimados para este ano como "extremamente conservadores".
"Estabilidade (nas vendas no país) é o mínimo do que pode acontecer", disse.
Demissões
O tombo da produção em 2014 fez começarem a surgir os primeiros anúncios de demissões nas montadoras, uma perspectiva que não assombrava o setor no Brasil desde pelo menos o início dos anos 2000.
No início desta semana, a Volkswagen anunciou a demissão de 800 funcionários de sua fábrica na região metropolitana de São Paulo, afirmando que se tratava de uma primeira etapa de ajustes, que pode envolver mais 1.300 funcionários, segundo o sindicato local.
Antes da montadora alemã, a Mercedes-Benz fez cortes de perto de 250 empregados mais cedo neste ano e a Volvo reduziu seu quadro no fim de 2014.
O presidente da Anfavea, embora considere que há excedente de pessoal na indústria, acredita que o anúncio recente da Volkswagen foi um evento isolado e não um alerta de problema sistêmico da indústria.
Atualmente, a capacidade produtiva da indústria brasileira alcança cerca de 4,6 milhões de veículos por ano, volume que aumentará com a abertura de novas fábricas, como a da Fiat, em Pernambuco, neste ano. Em 2014, o setor fechou 14,1 mil postos de trabalho, reduzindo sua força de trabalho em 8,9% sobre 2013.
Perguntado se o aumento esperado na produção em 2015 poderia reverter parte dos cortes de pessoal, Moan afirmou que "todo crescimento ajuda a minorar o excedente que nós temos. Pode ajudar na manutenção dos empregos".