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A decisão da fabricante de aeronaves brasileira Embraer de demitir 20% de seu quadro de funcionários – o equivalente a mais de 4 mil postos de trabalho – não foi bem recebida por trabalhadores e sindicalistas. Desde a quinta-feira, a empresa tem sido alvo de protestos.

As demissões começaram na tarde de quinta-feira (19) e atingiram empregados das unidades do Brasil, Estados Unidos, França e Cingapura. O setor mais atingido foi o da mão de obra da produção, que, segundo a empresa, teve uma queda de 30% desde o início da crise.

Em uma carta aos empregados, a Embraer informou que depende das exportações, que hoje representam mais de 90% das vendas, e que sofreu impacto por um grande volume de adiamentos de entrega de aviões, muitos deles por mais de dois anos.

Ainda na noite de quinta-feira, representantes do Sindicato dos Metalúrgicos bloquearam a avenida que dá acesso à fábrica e impediram a entrada dos funcionários do terceiro turno. Muitos furaram o bloqueio. Houve início de tumulto entre sindicalistas e trabalhadores.

O sindicato pretende iniciar uma paralisação em protesto contra as demissões. Para esta sexta-feira, está prevista uma série de reuniões para tentar reverter a decisão da empresa.

"Queremos cobrar, porque nós não vamos aceitar essas demissões. Nós achamos que o governo tem que intervir. Faz uma Medida Provisória. Faz o que ele quiser, mas não deixa demitir os trabalhadores", diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Adilson dos Santos.

Na manhã desta sexta, os funcionários da Embraer fizeram um novo protesto. A situação já está tranquila, mas sindicalistas fizeram manifestações que começaram por volta das 5h30. Os manifestantes pararam os ônibus que levavam os funcionários do primeiro turno, a um quilômetro da empresa, e fizeram com que eles seguissem a pé. A entrada foi atrasada em cerca de meia hora.

A polícia também chegou cedo. O policiamento foi reforçado para impedir que os manifestantes fechassem novamente as regiões de acesso a Embraer e também para garantir a entrada dos trabalhadores que queriam entrar na empresa.

Em outro comunicado, para a imprensa, as estimativas para 2009 foram revistas. A Embraer espera entregar 242 das 270 aeronaves previstas inicialmente.

Presidente

Também na quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Artur Henrique, para falar sobre as demissões.

A direção do Sindicato dos Metalúrgicos aguarda para esta sexta um pronunciamento do presidente Lula e da direção do BNDES, que financiou boa parte das exportações da Embraer, sobre as demissões. O prefeito da cidade de São José dos Campos, onde fica a empresa, também pediu uma reunião com a direção da Embraer.

Histórico

A última demissão em massa na fábrica foi em 2001, depois dos atentados terroristas nos Estados Unidos, que afetaram o setor da aviação. Depois disso, a Embraer se recuperou, voltou a contratar e chegou a dobrar o número de funcionários. No ano passado, bateu o recorde de vendas e entregou mais de 200 jatos em todo o mundo.

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