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RMC

São José vive "boom" de oportunidades

A unidade da Agência do Trabalhador de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba (RMC), oferece hoje entre 900 e 1 mil vagas. Em maio, número de contratações pelo departamento foi 40% maior do que no mesmo mês do ano passado, com resultado recorde, segundo o secretário municipal de Trabalho, Adilson Stuzata. "Março e maio foram os melhores meses da história", comemora. Stuzata diz que os trabalhadores estão mais "seletivos" na busca por uma recolocação, o que tem elevado alguns salários, especialmente na faixa do mínimo. "O que se percebe é uma ascensão profissional. As pessoas estão buscando serviços considerados mais tranquilos, do ponto de vista de horas trabalhadas e de distância", diz. Na área de produção, por exemplo, os salários variam entre R$ 566 e R$ 1,4 mil, mas as ofertas abaixo de R$ 800 dificilmente estão sendo ocupadas. A cidade tem se beneficiado da retomada dos investimentos que ficaram represados durante a crise, diz o secretário.

O reaquecimento da economia e o aumento da oferta de vagas estão permitindo que candidatos a um novo emprego possam escolher entre várias oportunidades. O crescente interesse das empresas em contratar se reflete nos números da Agência do Trabalhador do Paraná. Em maio, a oferta de vagas foi 40% maior do que no mesmo mês de 2009. Em Curitiba, a alta no período foi de 80%. A abundância favorece o trabalhador, que pode optar por vagas com salários maiores e mais benefícios – o que inclui trabalhar menos horas por semana e mais perto de casa. "A oferta hoje é muito maior do que nos outros anos, principalmente pela retomada da indústria e da construção civil. Há setores com dificuldade de preencher as vagas", diz a coordenadora de Intermediação de Mão de Obra da Secretaria de Estado do Trabalho, Angela Carsten. "Para esses casos, nós orientamos a empresa a aumentar o salário ou os benefícios."

O motorista de caminhão da Construtora Elofer, por exemplo, ganharia, a princípio, R$ 800. Depois de um mês de procura, a empresa passou a oferecer R$ 1 mil, e preencheu o cargo na semana passada. "Antes, uma vaga não ficava aberta mais de três dias", diz a chefe de setor dos recursos humanos da construtora, Andreia Porto. "A realidade é que não há mão de obra qualificada. Só aparecem pessoas que sobram no mercado de trabalho."

Qualificação

A maior dificuldade, diz a coordenadora da Secretaria do Tra­balho, é preencher as ocupações que exigem baixa qualificação e pouca experiência – e que, por isso, oferecem salários pouco atraentes. "Não se acha cozinheiras, padeiros ou açougueiros, por exemplo", diz Angela.

Com uma vaga para marceneiro aberta há dois meses, o empresário João Gross acredita que a questão não é simplesmente o salário, mas a grande demanda por profissionais. Pouco otimista, ele diz que a dificuldade deve ser ainda maior nos próximos anos. "A mão de obra qualificada está empregada", reclama. Gloss já aumentou o salário oferecido de R$ 750 para R$ 800, mas continua na busca. No passado, diz ele, uma vaga era preenchida em menos de uma semana. "Tudo que envolve construção está super valorizado. Você aumenta a demanda mas não há tempo para qualificar esse profissional."

Do outro lado

A secretária Michele Cordeiro, de 33 anos, foi contratada na semana passada pela empresa de lavagem de carpetes Above. Inicialmente, a anúncio oferecia salário de R$ 702. Mas só foi ocupado por ela quando subiu para R$ 950. "O salário que estou recebendo agora é bem melhor do que na empresa onde trabalhava antes, pois tem mais comissão e benefícios", comemora. Ela reclama, porém, da dificuldade em encontrar um trabalho cujo salário seja condizente com as atribuições reais do cargo oferecido. "Muitas vezes as vagas são divulgadas como recepcionista. Entretanto, ao chegar para a entrevista as exigências aumentam e a oferta de salário continua a mesma", afirma.

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Interatividade

O que empresas e governo podem fazer para solucionar o problema da falta de mão de obra qualificada?

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Colaborou Taysa Dias

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