Apesar de todos os alertas, o pior cenário chegou para a economia brasileira. Após nove dias da decisão da presidente Dilma Rousseff de enviar o projeto de Orçamento com déficit em 2016, a agência internacional de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) retirou do Brasil o grau de investimento – uma espécie de selo de bom pagador que dá confiança aos investidores para aplicarem o dinheiro num país.
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A decisão expõe uma derrota anunciada. O mercado já tinha colocado a possibilidade de rebaixamento nos preços dos ativos, mas os juros e o dólar devem abrir nesta quinta (9) em forte alta como reflexo da decisão.
O Brasil agora entrou para a categoria de país com risco especulativo, o que vai encarecer o custo de financiamento das empresas brasileiras e obrigar muitos investidores estrangeiros a se desfazerem de suas aplicações do país. A S&P rebaixou o rating do Brasil de BBB- para BB+ e manteve a perspectiva negativa da nota.
A perda ocorreu sete anos depois da mesma S&P ter colocado, pela primeira vez, o Brasil no seleto grupo de países com a nota de grau de investimento. Não foi fácil o Brasil ter chegado a esse nível, já que por muito tempo carregou o estigma de ter pedido moratória da dívida externa na década de 80.
“Os desafios políticos do Brasil continuam a aumentar, pesando sobre a capacidade e a vontade do governo em apresentar um orçamento para 2016 ao Congresso coerente com a correção política significativa sinalizada durante a primeira parte do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff”, disse a agência no comunicado divulgado nesta quarta-feira (9), no início da noite.
A S&P espera que a contração econômica do Brasil seja mais profunda e longa e que o país enfrente dois anos consecutivos de retração do Produto Interno Bruto (PIB). Para 2015, a agência projeta que o PIB irá recuar 2,5%. Em 2016, a retração deve ser de 0,5%. A S&P acredita que o país somente voltará a crescer, ainda que modestamente, em 2017.
Surpresa
A decisão da agência impõe um golpe para a presidente Dilma Rousseff, que não conseguiu nesses oito primeiros meses do ano sinalizar confiança e rumo em meio ao agravamento da crise política de governabilidade. Fiador da manutenção do grau de investimento, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, perdeu uma das suas principais bandeiras quando desembarcou no governo.
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, reconheceu que a notícia foi recebida com surpresa pelo Planalto. “Houve surpresa, mas estamos trabalhando”, disse, após reunião com a presidente Dilma Rousseff.
Segundo ele, a mensagem do governo após o rebaixamento é de tranquilidade e de segurança para todos, “porque continuamos com o esforço de melhorar a situação fiscal do Brasil”. De acordo com o ministro, o mais importante é que o governo brasileiro continua a honrar todos os seus contratos.