Depois de retornar ao espaço em meados de janeiro após um hiato de quatro meses, a SpaceX anunciou um ambicioso cronograma de lançamentos para este ano que deverá ter início já neste sábado, quando a empresa americana retoma as missões de abastecimento da Estação Espacial Internacional (ISS) em nome da Nasa. Segundo a presidente da SpaceX, Gwynne Shotwell, a intenção é “realizar um lançamento a cada duas ou três semanas”, um ritmo inédito na História da indústria aeroespacial.
No ano passado, a SpaceX já estava se aproximando deste compasso acelerado até que um de seus foguetes Falcon 9 explodiu durante procedimento de abastecimento na plataforma da empresa no complexo de Cabo Canaveral, na Flórida. Com o foguete, foi pelos ares também um satélite de comunicações israelense de US$ 200 milhões com o qual o Facebook pretendia promover o acesso à internet em países pobres e em desenvolvimento, entre outras finalidades para o equipamento. O acidente ainda danificou seriamente a plataforma de lançamentos.
Segundo Shotwell, os reparos na plataforma danificada na base da Força Aérea americana em Cabo Canaveral, Flórida, ainda em curso, vão custar “menos da metade” da construção de uma nova estrutura, que ela contou sair por cerca de US$ 100 milhões. O lançamento deste sábado rumo à ISS está previsto para às 10h01 no horário local (13h01 no horário de Brasília) e será feito da plataforma 39A, que a SpaceX arrendou da Nasa no vizinho Centro Espacial Kennedy. A plataforma é a mesma de onde partiram os voos do projeto Apollo, que levaram a Humanidade à Lua entre o fim dos anos 1960 e começo dos 1970.
Shotwell também informou que a empresa está modificando os motores de seus foguetes para melhorar seu desempenho e enfrentar preocupações quanto à segurança do equipamento à medida que se prepara para realizar suas primeiras missões tripuladas rumo à ISS, também sob contrato com a Nasa, a partir do fim do ano que vem.
A SpaceX planeja redesenhar as turbobombas do Falcon 9, que fornecem o combustível para os motores do foguete, para evitar fissuras que acenderam o alerta nos dirigentes da Nasa e da Força Aérea dos EUA, que também usa os serviços da empresa para lançar satélites militares. O problema é o principal alvo de relatório recém-produzido pelo Escritório Governamental de Responsabilização (GAO, na sigla em inglês), agência que presta serviços de auditoria em nome do Congresso americano, para a qual o defeito pode colocar em risco a vida dos astronautas.
“Para nós, a preocupação não são as fissuras, mas se elas crescem com o tempo. Estas fissuras podem levar a uma falha do motor?”, rebateu Shotwell. “Creio que a Nasa está acostumada a motores que não são tão robustos (quanto os da SpaceX), então eles simplesmente não querem qualquer fissura no maquinário.”
Ainda assim, Shotwell afirmou que a empresa está encarando o problema com a seriedade que merece. De acordo com ela, testes em solo dos motores Merlin feitos em 2015 revelaram dois tipos de fissuras que não estariam relacionadas ao acidente de setembro passado. Para consertar o primeiro e mais grave problema, que seria exatamente o apontado como motivo de preocupação no relatório do GAO, a SpaceX fez mudanças no software de controle dos motores, além de redesenhar o rotor da turbina. A primeira destas turbinas reformatadas voou em missão realizada em julho do ano passado. Já o segundo conjunto de fissuras em soldas e revestimentos não traria riscos para as missões, mas, mesmo assim, tanto a Nasa quanto a Força Aérea dos EUA pediram modificações no foguete para evitá-las, acrescentou.
Fundada em 2002 pelo bilionário da internet Elon Musk, um dos criadores do PayPal, a SpaceX tem um histórico de mais de 70 missões espaciais que lhe renderam receita superior a US$ 10 bilhões. Desde a estreia do Falcon 9, em 2010, o foguete registrou 27 lançamentos bem-sucedidos em 29 tentativas. Só em 2016, a empresa realizou oito missões até o acidente de setembro.
O Falcon 9 voltou a voar em 14 de janeiro passado, quando levou para a baixa órbita da Terra dez satélites de pequeno porte da Iridium, os primeiros de 70 que a empresa de telecomunicações pretende lançar para construir sua nova constelação. O foguete partiu de plataforma da SpaceX na Base Aérea de Vandenberg, na Califórnia, que é usada apenas quando os satélites estão destinados a órbitas polares ou com grandes inclinações. Para atender à crescente demanda de uma indústria que fatura mais de US$ 5 bilhões anuais, cerca de 70% vindos de contratos com governos mundo afora, e talvez até acelerar ainda mais seu cronograma de lançamentos, a SpaceX também está construindo uma quarta plataforma no Texas.
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