Estamos muito próximos das eleições. Enquanto a maioria de nós ainda decide em quem votar, e os políticos planejam quem serão seus homens de confiança na administração pública, as empresas se perguntam quais serão as mudanças que os futuros governantes irão implantar.
Não sou especialista em política, tampouco conheço os jogos de poder que existem por trás das cortinas dos partidos. Mas a verdade é que, se há um lugar onde as mudanças realmente surgem, e ajudam a empurrar a cidade aos patamares existentes em países desenvolvidos, é na política. É no Senado, na Assembleia, nossos palácios e Esplanada que o futuro do país é decidido e construído, todos os dias. Lá é o berço das grandes decisões e transformações.
Apesar disso, a relação amistosa e transparente que deveria haver entre os nossos representantes, população e empresas parece ter caído "na rotina". Não há muitos questionamentos, além daqueles que surgem naturalmente propostos pela imprensa.
Mas o que me motiva a lhes escrever aqui hoje é a distância que percebo, já há alguns anos, na relação que deveria haver entre empresas e políticos. Noto que há uma espécie de crença por parte dos empresários que, quanto mais longe dos nossos representantes, melhor.
Não deveria ser assim. A ajuda e colaboração devem ser mútuas, mesmo porque, após os políticos decidirem implantar um projeto inovador na região, quem executará o trabalho será exatamente a iniciativa privada! Porque o caminho contrário não pode ocorrer também, e os empresários, cooperativas, federações, associações e conglomerados elaborarem projetos e informarem suas necessidades? Se dentro das empresas elaboramos projetos e estudos complexos, com análises de viabilidade, diferentes orçamentos e índices de retorno, porque isso não pode ser feito e apresentado aos políticos? Assim criam-se alianças, iniciam-se mudanças.
Exemplo nobre desses que vi recentemente foi de uma consultoria que elaborou um estudo chamado Sul Competitivo. Financiado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelas federações industriais dos três estados da Região Sul (Fiep, Fiesc e Fiergs), foi constatado que são necessários R$ 70 bilhões de reais para implantar, integrar, desafogar, adequar o sistema de escoamento da produção regional. Em uma matéria publicada pela Revista Amanhã, o próprio presidente da Fiesc defende que é necessário ampliar a união das indústrias com os Três estados. Afinal de contas, para melhorarmos nossa competitividade, setores público e privado devem trabalhar juntos.
Do outro lado da moeda, um assunto que somente neste ano chegou a um estado crítico, gritou por socorro e finalmente conseguiu chamar a atenção da imprensa nacional, para que então alguma medida fosse tomada. A crise no porto de Paranaguá. O querido porto de nosso Litoral chegou a ter uma fila de mais de 120 navios, ao custo unitário de US$ 40 mil por dia, e cuja espera média para atracar chegou a 40 dias. O país gastou alguns bons milhões de reais para manter os navios ancorados, aguardando pela atracagem. Dinheiro esse que poderia ter sido utilizado na modernização das máquinas ultrapassadas que lá existem, em berços de atracação, em dragagens. Após duas décadas passadas sem a atualização da infraestrutura portuária, todo o estardalhaço feito e a vergonha internacional que passamos, alguns bilhões estão sendo investidos para mudar a situação.
A iniciativa privada tem feito sua parte. Produziu mais, procurou aumentar lucros, melhorar a competitividade, mas a gestão macroeconômica e pública tem que acompanhar isso. As federações de comércio e indústria sabem, a população sabe, que temos problemas sérios de infraestrutura, como apontou este estudo do Sul Competitivo. Desembolsar R$ 70 bilhões somente para a infraestrutura da Região Sul pode parecer muito dinheiro, e de fato o é. Mas este é o preço que a morosidade, falta de planejamento e falta de aplicação correta de verbas públicas pede somente para que estejamos em um nível minimamente adequado à nossa produção. Adequar e fazer somente agora, e em um curto prazo, um trabalho que deveria ter sido realizado ao longo dos últimos 10, 15 anos, obviamente não seria barato.
Todos têm consciência da capacidade produtiva e reativa brasileira. Mas a diferença entre a eficiência na administração pública e o potencial real dos estados é enorme.
Este ano observamos e usufruímos de diversos estímulos dados à economia: queda de taxas bancárias, isenção de IPI, mas precisamos de mais que isso.
A falta de fiscalização, de cobrança, de presença, deixa os políticos à vontade para conduzir os trabalhos à sua maneira. É como ter um emprego e não ter um chefe que lhe diga o que fazer ou cobre seus resultados. O que se espera do rendimento de trabalho com isso?
A ideia é que todos cheguem mais perto dos candidatos, para que tenhamos uma mudança efetiva. Afinal, todos os políticos possuem gabinete, telefone, celular, e-mail e, mais recentemente, até Twitters da vida. É justamente esta falta de cobrança que influencia direta e instantaneamente no bolso e nas vidas de todos nós. É isso que possibilita que ações como a aprovação de aumento do próprio salário aconteça, que diários secretos existam, que familiares sejam contratados, que haja uso indevido de verba pública, que empresas de fachada sejam criadas e utilizadas e mensalões existam.
A busca do pensamento coletivo e o engajamento político se fazem, sim, necessários a todos nós. É isso que possibilitará a cidade abrigar um metrô, ter mais ônibus ecológicos, ter uma educação verdadeiramente exemplar, um trânsito mais bem planejado e funcional, ter mais táxis e mais ônibus, qualidade superior em saúde e segurança pública, e por aí vai.
Então, o que você e sua empresa podem fazer para mudar esse cenário?
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