Fazer as compras de supermercado pela internet pode ser até 57% mais caro do que ir até uma loja da rede. De quatro empresas que atuam no mercado virtual em Curitiba pesquisadas pela reportagem, todas elas apresentavam diferenças de preços o que chama a atenção em uma das redes que apresentou uma única diferença entre os preços, de 33%, é que o produto mais barato estava sendo vendido pela internet (veja mais no gráfico). As divergências, porém, podem ser compensadas porque, segundo especialistas, a compra pela internet é mais racional e o consumidor economiza.
A reportagem levantou, no dia 8 de outubro, preços dos supermercados Muffato, Mercadorama, Angeloni e Pão de Açúcar, e de suas respectivas lojas virtuais, em 20 produtos, utilizando dados do Disque-Economia, serviço da prefeitura de Curitiba que permite ao consumidor comparar preços em divesos supermercados.
Nas quatro redes analisadas havia diferenças de preços, sendo a mais expressiva encontrada no Angeloni, onde um quilo de detergente em pó custava R$ 4,45 na loja do bairro Vila Izabel e R$ 6,99 na internet 57% mais caro. Por outro lado, o site do Pão de Açúcar vendia um pote de maionese em um valor 33% mais barato que na loja física não foi o único caso de produtos mais baratos na internet.
José Luiz Meinberg, professor de e-commerce do ISAE/FGV, ressalta que as diferenças acontecem porque cada mercado tem sua política de preços, composta do custo do produto, da margem da empresa e dos impostos. "Se a empresa tem interesse em fazer com que a loja virtual venda mais, ou o contrário, ela pode mexer em um desses pontos para fazer um preço mais atraente", explica.
Canais
As diferenças acontecem, segundo Henry Lira, coordenador do Disque-Economia, porque são canais distintos e mesmo lojas da mesma rede apresentam valores que não são os mesmos. "É um outro segmento, que, mesmo sendo da mesma rede, apresenta diferenças, não é homogêneo. Além disso, muitas vezes as lojas virtuais não têm a mesma disposição das lojas físicas. Esse é um serviço muito recente e ainda há poucas redes atuando no mercado on line, tornando a concorrência pequena", avalia. "O diferencial não é nem a taxa de entrega, mas sim o atendimento", acrescenta.
Economicamente, porém, a compra on line tem suas vantagens, segundo a professora de Administração da UFPR Ana Paula Mussi Cherobim. Ela ressalta que a compra virtual é mais racional porque no supermercado on line a compra por impulso diminui, pois o consumidor não está exposto a todos os produtos. Além disso, explica a professora, conforme o carrinho virtual vai enchendo, o consumidor consegue ver o preço total da compra, que, se estiver muito acima do esperado, pode ser diminuída.
"Se colocar no papel o tempo gasto para estacionar, comprar e descarregar os produtos, além do que o consumidor gasta por impulso, a taxa de entrega não fica alta. É caro para quem compra pouco, para as compras do dia a dia. Nas compras semanais e mensais, vale muito a pena", analisa.
Vendas devem superar R$ 4,2 bilhões neste ano
O Brasil é o país que terá o maior crescimento no setor de supermercados on line nos próximos anos, entre 11 analisados. Junto com a Índia, o comércio no setor, que movimentou ano passado R$ 3,3 bilhões, deve crescer 29% ao ano até 2014. O dado foi levantado pela KPMG Internacional, que realizou uma pesquisa recentemente sobre os supermercados on line.
Entre outros aspectos, a pesquisa mostra que depois de roupas, livros e alguns outros produtos, como eletrônicos, a compra de mantimentos está surgindo como a categoria que mais cresce no varejo on line.
A KPMG Internacional pontua ainda os principais fatores que impulsionam ou impedem o crescimento do setor. Entre os pontos positivos estão a conveniência, os preços competitivos e o aumento do uso de smartphones. Já entre os pontos negativos estão o ceticismo dos consumidores, a falta de promoções e de interação pessoal, o atraso nas entregas e o temor sobre a segurança no momento da entrega em casa.