Com apenas cinco anos de existência, os tablets já começam a ter o futuro questionado por analistas e consumidores. A venda desses aparelhos teve uma queda brusca, de 20%, no primeiro trimestre deste ano no país e a previsão da consultoria especializada IDC Brasil é de que caiam 15% em 2015. Neste caso, não dá nem para culpar a crise econômica pela qual o país passa – no mundo, o número de tablets despachados pelas lojas diminuiu 6% no início do ano, em comparação com o mesmo período de 2014. As previsões de crescimento lá fora, antes de 5,2%, foram revisadas para 2,1%.
No Brasil, a falta de interesse pelo dispositivo ocorre mesmo com o preço caindo desde o lançamento: no primeiro trimestre, o valor médio de venda foi de R$ 525, praticamente um terço do preço visto há quatro anos. O fato de 70% dos aparelhos vendidos no período terem custado menos do que R$ 500 reforça a tese de consultores de que os produtos viraram alvo de crianças, menos preocupadas com qualidade e configurações de desempenho, e escolas. E só.
Disputa
A Apple, que levou aos holofotes o conceito de tablet em abril de 2010, deve ser a marca mais afetada pela baixa nas vendas desses dispositivos – por outro lado, a comercialização dos novos iPhones tem batido recordes. As vendas de tablets da empresa em todo o mundo diminuíram 23% no primeiro trimestre deste ano, somando 12,6 milhões de unidades, segundo balanço da IDC. Com isso, o market share mundial da marca passou de 33% no início de 2014 para 27%.
“O principal dilema dos tablets é a relação uso e preço. Hoje o produto atende mais nichos, como o educacional, e crianças. Porque o usuário comum, ao colocar lado a lado um tablet e um smartphone, que há muito tempo passou a ter telas grandes, sabe que o celular atenderá mais necessidades pelo mesmo preço”, avalia o especialista em produtos do site de pesquisa de preços Zoom Paulo Guedes.
Para o analista de pesquisas da IDC Brasil Pedro Hagge, a recente onda dos chamados phablets – os smartphones de tela grande –contribuiu de maneira decisiva para o que ele chama de “canibalização” do mercado de tablets. Hoje, praticamente todas as fabricantes – incluindo a Apple –possuem modelos de celulares com telas acima das 5 polegadas, podendo facilmente chegar a 6. O menor tablet da Apple, o iPad mini 3, tem 7,9 polegadas, enquanto a Samsung tem modelos com telas de 7.
Concorrência desleal
Assim, as “telonas” dos celulares passaram a facilitar a leitura de textos e a visualização de vídeos, atividades antes mais propícias aos tablets. Os smartphones têm ainda a vantagem de caberem no bolso e fazerem ligações. Para o analista da IDC, a alta do dólar, que gerou repasse de preços de até 17% para os tablets em relação ao quarto trimestre de 2014, prejudicou ainda mais o apelo dos dispositivos.
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