Na média nacional, o efeito percebido pelos consumidores, ponderado pela receita das distribuidoras, será de 23,4%.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

A tarifa média da Companhia Paranaense de Energia (Copel) vai subir 36,8% a partir de segunda-feira (2). O reajuste extraordinário, anunciado nesta sexta-feira (27) pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), é o quarto mais alto dentre as 58 distribuidoras de energia que terão sua tarifa elevada. Na média nacional, o efeito percebido pelos consumidores, ponderado pela receita das distribuidoras, será de 23,4%, segundo a Aneel.

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Segundo a Copel, a conta de luz das residências vai subir 31,8%. Para o setor industrial, o aumento médio será de 38,9%. Normalmente, cada concessionária tem direito a um reajuste por ano – o da Copel ocorre no dia 24 de junho. No entanto, existia o temor de quebra de várias empresas caso elas tivessem de suportar muito mais tempo sem repassar ao consumidor o aumento de custos que sofreram de 2014 para cá.

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O governo estadual, principal acionista da Copel, informou via assessoria que não vai comentar o assunto, uma vez que o reajuste “foi definido pelo governo federal”. Em meados do ano passado, quando a Aneel autorizou a companhia a reajustar sua tarifa em cerca de 35%, o governador Beto Richa determinou que ela aplicasse um aumento menor, de 25%. A diferença poderá ser repassada ao consumidor no próximo reajuste tarifário anual, em junho.

Segundo o diretor-presidente da Copel Distribuição, Vlademir Santo Daleffe, a empresa vai aplicar na íntegra o aumento autorizado pela Aneel. “Desse aumento, nem um centavo ficará na mão da Copel. É para fazer frente ao forte aumento da CDE [Conta de Desenvolvimento Energético], da alta da tarifa de Itaipu e da energia que as distribuidoras tiveram de comprar no leilão de ajuste de janeiro”, disse.

Novas tarifas elevam contas de energia em 23,4% em média no país

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta sexta-feira (27) revisões extraordinárias de tarifas para 58 distribuidoras de eletricidade do país, com impacto nacional médio de 23,4%. As novas tarifas entram em vigor na próxima segunda-feira.

Para a Eletropaulo, o aumento médio das tarifas será de 31,9%, enquanto a Cemig terá elevação de 28,8%. Para a Light, o aumento será de 22,5%.

A revisão extraordinária de tarifas foi necessária para custear o aumento no repasse da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), uma vez que o Tesouro não fará aportes na conta esse ano, e para fazer frente ao reajuste da energia de Itaipu.

CDE

O fim dos repasses do Tesouro à CDE criou um rombo da ordem de R$ 23 bilhões para ser rateado entre todos os consumidores brasileiros. Caso os aportes do Tesouro continuassem, o valor do rateio seria bem inferior, de R$ 1,7 bilhão.

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Esses R$ 23 bilhões servirão para cobrir a diferença entre o que as distribuidoras estão gastando para comprar energia – as despesas subiram por causa do uso intenso de usinas termelétricas, a fim de poupar reservatórios – e o que elas vinham cobrando dos consumidores.

Itaipu

Além do rateio da CDE, as concessionárias das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste estão arcando com o aumento do custos da energia de Itaipu, que representa em torno de 20% do suprimento dessas empresas. Neste ano, as tarifas da hidrelétrica foram reajustadas em 46%, em dólar. Como a moeda norte-americana está mais cara, o aumento em reais fica ainda mais forte.

Segundo a Aneel, o principal motivo para o aumento da tarifa de Itaipu foi o “cenário hidrológico adverso de 2014”. Por causa da falta de chuvas, a usina produziu menos no ano passado. Para honrar seus contratos com as distribuidoras, teve de comprar energia no mercado de curto prazo pagando o Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), que passou boa parte do ano acima de R$ 800 por megawatt-hora (MWh). Esse aumento de custos, suportado por Itaipu ao longo de 2014, está sendo agora repassado às distribuidoras e, consequentemente, ao consumidor.

Leilão de ajuste

Daleffe cita também o leilão de ajuste realizado em janeiro, no qual as distribuidoras brasileiras compraram energia a preços elevados – R$ 385 por megawatt-hora (MWh) – para cobrir volumes “descontratados” que até então elas estavam tendo de comprar no mercado de curto prazo.