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Setor automotivo

Taxa de câmbio pode elevar exportações de automóveis a patamares dos anos 2000

As exportações de autoveículos brasileiros caíram 40,9% no ano passado, totalizando 334.501 unidades | Henry Milleo/Gazeta do Povo
As exportações de autoveículos brasileiros caíram 40,9% no ano passado, totalizando 334.501 unidades (Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo)

A taxa de câmbio é considerada fator essencial para que o Brasil retome o patamar de 1 milhão de carros exportados por ano, registrado ao longo dos anos 2000, disse nesta segunda-feira (12) o coordenador do MBA em gestão estratégica de empresas da cadeia automotiva da Fundação Getulio Vargas (FGV), Antônio Jorge Martins.

"É um patamar plenamente alcançável pela indústria automotiva brasileira". De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as exportações de autoveículos brasileiros caíram 40,9% no ano passado, totalizando 334.501 unidades, ante 566.299 em 2013.

Jorge Martins acredita que a alteração que vai ocorrer no câmbio afetará positivamente o setor automotivo, "principalmente no que concerne à possibilidade de maior volume de exportações".

O coordenador do grupo de indústria e competitividade do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE-UFRJ), David Kupfer, salientou que, se a taxa cambial permanecer em torno de R$ 2,70, "é provável que as exportações retomem e possam cobrir um pedaço desse mercado interno que se contraiu ou estará contraído este ano".

Cotação

Martins preferiu não fazer prognósticos em relação à faixa ideal para o câmbio, tendo em vista que o nível de competitividade das empresas é diferente. "Para umas, pode ser R$ 2,90, para outras, R$ 3,10. É difícil falar do setor como um todo."

Ele argumentou, porém, que quanto mais próxima de R$ 3 ficar a cotação do dólar, melhor para viabilizar as exportações.

"Existem estudos que mostram que a correção do câmbio somente pelo índice de inflação chegaria a um patamar de R$ 3,20. Quanto mais próximo se chegar do índice de defasagem, tanto melhor, porque não existe um câmbio único para todas as empresas. Cada uma tem um grau de competitividade melhor que a outra".

Martins concordou com David Kupfer que isso poderá compensar parte do mercado doméstico que está contraído, devido à redução das vendas, no ano passado, e da falta de crescimento da demanda.

Ele insistiu, entretanto, que a retomada das exportações vai ser fundamental para o setor automotivo, porque as empresas precisam abrir novos destinos de exportação, e não ficar restritas a determinados países na América do Sul.

Martins citou estudos de grandes consultorias internacionais que indicam que a base Brasil, devido à experiência de mais de 50 anos do setor, poderá ser bem utilizada para a exportação, inclusive para o México e os Estados Unidos.

Expansão

Para o professor da FGV, já está claro para as montadoras que o mercado brasileiro por si não é suficiente. "Elas vão precisar de uma base de exportação para viabilizar a capacidade produtiva do nosso setor".

Martins informou que é preciso que as matrizes permitam que essas exportações sejam efetuadas. Por isso, indicou que tem que haver pressão do governo, no sentido de fazer com que essas empresas, "além de atender ao mercado interno, consigam volume maior de exportações".

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