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Taxa de desemprego chega a 11,8%, com 12 milhões de pessoas desocupadas

 | Marcelo Elias/Arquivo Gazeta do Povo

A taxa de desemprego no trimestre encerrado em setembro ficou em em 11,8%, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad) Mensal, divulgada nesta quinta-feira (27) pelo IBGE. Há um ano, o índice estava em 8,9%.

No segundo trimestre de 2016, período que também serve como base de comparação, a taxa era de 11,3%. O total de pessoas sem emprego ficou em 12 milhões.

A taxa de desocupação estimada em 11,8% representa um crescimento de 0,5 ponto percentual em relação ao período de abril a junho deste ano (11,3%), que é usado como base de comparação. Frente ao mesmo trimestre do ano anterior, julho a setembro de 2015, quando a taxa foi estimada em 8,9%, o quadro foi de elevação bem mais acentuada. No trimestre encerrado em agosto, que não é usado como comparação pelo IBGE, o desemprego também ficou em 11,8%.

“A situação está menos favorável ainda. Os dois primeiros trimestres do ano carregavam uma sazonalidade. A dispensa de trabalhadores temporários pode ter se estendido ao segundo trimestre por conta da crise. Mas, em setembro, quando a indústria já devia estar ligando suas turbinas para produção de fim de ano, ela continua demitindo, é preocupante”, avalia Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

A população desocupada, de 12 milhões, cresceu 3,8% (mais 437 mil pessoas) em relação ao trimestre de abril a junho e subiu 33,9% (mais 3 milhões de pessoas) no confronto com igual trimestre de 2015.

Já a população ocupada foi estimada em 89,8 milhões de pessoas — redução de 1,1%, quando comparada com o trimestre de abril a junho de 2016 (menos 963 mil pessoas) e de 2,4% (menos 2,3 milhões de pessoas) em comparação a igual trimestre de 2015.

É a primeira vez desde o segundo trimestre de 2013 que a população ocupada é inferior a 90 milhões de pessoas. Na época, o país vivia o pleno emprego, lembra Azeredo, do IBGE.

Carteira e rendimento

O número de empregados com carteira assinada foi de 34,1 milhões — queda de 0,9% frente ao trimestre de abril a junho de 2016 (menos 314 mil pessoas). Na comparação com igual trimestre do ano anterior, a redução foi de 3,7% (menos 1,3 milhão de pessoas).

O rendimento médio real habitualmente recebido em todos os trabalhos (R$ 2.015) cresceu 0,9% frente ao trimestre de abril a junho de 2016 (R$ 1.997) e caiu 2,1% em relação ao mesmo trimestre do ano passado (R$ 2.059).

Azeredo ressalta que a alta no rendimento precisa ser analisada com cautela, pois dificilmente reflete uma melhora no mercado.

“O rendimento pode estar apresentando aumento em função da saída de trabalhadores de extrato de renda menor do mercado de trabalho. Consequência da queda continuada no emprego com carteira e os trabalhadores por conta própria, que têm dificuldades de se estabelecer por disporem de poucos recursos”, afirma.

Na comparação com o trimestre encerrado em junho, a renda ficou estável para os trabalhadores de todas as ocupações. Por grupamento de atividades, ela só não ficou estável para os da agricultura, com alta de 4,6%, o equivalente a R$ 60. Na comparação anual, entre as ocupações, o rendimento só não ficou estável para os empregadores, com queda de 9,3% ou R$ 505. Na comparação anual, só não ficou estável para os trabalhadores de alojamento e alimentação, cuja renda caiu 7,6% (R$ 114).

A massa de rendimento real habitualmente recebida pelas pessoas ocupadas em todos os trabalhos (R$ R$ 176,8 bilhões) não apresentou variação significativa em relação ao trimestre de abril a junho de 2016, e caiu 3,8% frente ao mesmo trimestre do ano anterior.

Conta própria em queda

Por posição na ocupação, na comparação com o trimestre encerrado em junho, também houve queda, de 4,7%, no número de trabalhadores por conta própria, que perdeu 1 milhão de pessoas. O grupo dos empregadores cresceu 10%, com a adição de 376 mil pessoas. Ficaram estáveis os empregados no setor privado sem carteira, os domésticos, os empregados no setor público e grupo de trabalhadores auxiliares.

Na comparação anual, encolheram os grupos de conta própria e auxiliares, 1,7% e 22%, respectivamente, além dos trabalhadores com carteira no setor privado (-3,7%). Ficaram estáveis nessa comparação os empregados no setor privado sem carteira, o trabalhador doméstico, o empregado no setor público e os empregadores.

Por grupamento de atividade, na comparação entre os trimestres do mesmo ano houve redução no grupo de trabalhadores da agricultura (-4,2%), construção (-3,7%), comércio (-1,8%) e serviços domésticos (-2,1%). Cresceu o grupo outros serviços (3,9%). Ficaram estáveis indústria, transporte e armazenagem, informação e comunicação e administração pública.

Na passagem de um ano, encolheram os grupos dos trabalhadores de agricultura (-4,7%), indústria (-10%), comércio (-2,8%), informação e comunicação (-9.3%). Transporte e armazenagem, alojamento e alimentação e administração pública tiveram adição de mais 5,2%, 8% e 2%, respectivamente. Ficaram estáveis os grupos de construção, outros serviços e serviços domésticos.

Nesta quarta-feira (26), o Ministério do Trabalho divulgou que foram cortados 39,28 mil postos com carteira assinada em setembro. Foi o 18° mês consecutivo de saldo negativo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No mesmo período de 2015, o resultado havia sido negativo em 96.802 postos. No acumulado do ano, o país já perdeu 1,6 milhão de empregos formais.

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