A tecnologia e o investimento da Porto Morretes ainda são uma exceção na produção da cachaça paranaense. Segundo cálculos do Sebrae, o Paraná tem cerca de 400 produtores artesanais. A maioria atua na informalidade, em alambiques de fundo de quintal. A produção varia entre 1% e 5% do total da produção nacional.
O projeto Cachaças do Paraná, do Sebrae, tenta dar auxílio para produtores das regiões Oeste, Sudoeste, Norte Pioneiro e Litoral. Na região de Cascavel, por exemplo, o trabalho do Sebrae reuniu cerca de 50 produtores na cooperativa Copercachaça. Há dois anos os cooperados estão produzindo a Quati, que já é vendida em Cascavel, Foz e em alguns pontos de Curitiba, com a certificação do Ministério da Agricultura e das autoridades sanitárias. "É um apoio recente que estamos dando. Governo, sociedade e produtores se organizaram muito antes de nós em Minas Gerais, por exemplo", diz o consultor técnico do Sebrae Júlio Agostini.
O produtor Marcel Duszczak, do Engenho Novo, de Morretes, sabe bem o que é começar um negócio desacreditado e sem muito apoio. Com apenas um funcionário ele produz 60 litros por dia. "São 15 tipos, entre a pura e as nossas especialidades, como a de banana, milho, mel e gengibre", ressalta.
Natural de Morretes, Duszczak viu de perto a decadência da cachaça na cidade. "Há uns 10 anos eu trabalhava em Curitiba e todo mundo pedia para que eu levasse uma pinga. Como quase não havia mais alambique, decidi montar o meu." A Engenho Novo não tem como exportar e sequer tem representante comercial em Curitiba. Mas Duszczak afirma que seus clientes são fiéis. "É gente da capital, do Paraná todo e até de São Paulo que desce comprar minha cachaça." (GV)