Dilma e o primeiro-ministro belga: presidente usou crise latino-americana para desaconselhar “ajuste recessivo”| Foto: Roberto Stuckert Filho/ABr

BRASIL

Para Mantega, crise aguda reduziria juros

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que, caso a crise internacional fique tão aguda quanto em 2008 e a inflação esteja comportada, os juros poderiam cair, mas ressaltou que essa é uma atribuição exclusiva do Banco Central. Mantega disse ainda que "o juro real ideal no Brasil" é equivalente ao que é registrado em outros países emergentes, ou seja, um patamar "de 2% a 3% ao ano". Atualmente, o juro real – juro nominal menos a inflação – é de quase 6%. "Mas a queda dos juros é uma questão que não ocorre da noite para o dia. É preciso que existam condições que permitam que ela caia", ressaltou. "Juro alto é tão ruim quanto inflação alta. E a inflação é negativa para todos, sobretudo os mais pobres", destacou.

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A situação da Grécia voltou a preocupar os mercados, depois de o país ter admitido, no fim de semana, que não conseguirá cumprir as metas acertadas com Fundo Mone­tário Internacional (FMI) e União Europeia (UE). Ontem, o governo grego acrescentou que espera que a economia do país continue a encolher no ano que vem. A combinação de más notícias aumentou os temores de um calote, derrubando as bolsas e elevando a cotação do dólar ao redor do mundo.O Ibovespa, índice de referência da BM&F Bovespa, recuou 2,93%, aos 50.791 pontos, atingindo a segunda pior pontuação do ano – abaixo apenas da marca de 8 de agosto, o primeiro pregão após o rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s. O dólar comercial chegou a avançar 1,91%, mas, depois de o Banco Central entrar no mercado, fechou com alta de 0,53%, a R$ 1,892.

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O BC entrou no mercado futuro de câmbio por meio de "swap" cambial tradicional (que equivale a uma venda de dólar no futuro), anunciando leilão por volta das 15h30. Foram ofertados 106,9 mil contratos, equivalentes a US$ 5,348 bilhões. Segundo o BC, o mercado comprou apenas 34 mil contratos, ou US$ 1,695 bilhão.

Economia encolhendo

O governo grego estima uma retração de 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano – maior que a projetada pela UE em junho, de 3,8% – e uma queda de 2,5% em 2012. Seria o quarto ano de recessão, já que o PIB caiu em 2009 e 2010. Os gastos dos consumidores devem cair 3,8% neste ano, e o desemprego, passar de 15,2% para 16,4%. "O ambiente econômico externo para 2012 está se desenhando menos favorável que o esperado. As incertezas continuam grandes. Para as economias mais desenvolvidas, as perspectivas de crescimento estão menos otimistas que há seis meses", afirmou o governo grego.

"O mercado está olhando para a Grécia, e o que acontecer lá pode ser um divisor de águas", afirmou o gestor de renda variável da Máxima Asset Management, Fe­­lipe Casotti. Na Grécia, prosseguem os protestos de estudantes e funcionários públicos. Os servidores farão uma paralisação amanhã e uma greve geral está sendo convocada para o dia 19.

Em Wall Street, o Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, recuou 2,36%. O S&P 500 fechou em baixa de 2,85% e o Nasdaq, de 3,29%. "Veremos um calote desordenado na Grécia, e pode haver outra crise bancária na Europa", disse à agência Reuters Jack de Gan, diretor de Investi­mentos da Harbor Advisory.

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