Embora algumas consultorias dêem preferência às reformas tributária, trabalhista, previdenciária e judicial na lista de medidas a serem adotadas pelo governo brasileiro para destravar a economia, a infra-estrutura segue como uma das questões mais citadas nas listas de prioridades do país. A espécie de "apagão" que o setor atravessa hoje tem explicação simples: o investimento do governo na área caiu de 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no início dos anos 80 para 1% atualmente.
"A infra-estrutura exige uma resposta rápida, porque suas deficiências, principalmente em geração de energia, podem perturbar a atual tendência de crescimento", defende o economista Fernando Sampaio, sócio-diretor da consultoria LCA. "A economia vem crescendo mais do que se imaginava, e é preciso impedir que a falta de energia vire um gargalo."
Embora estime que a infra-estrutura inadequada seja responsável por 8% da lacuna de produtividade não-estrutural entre Brasil e EUA atrás de barreiras como a informalidade, a instabilidade macroeconômica e a precariedade dos serviços públicos , a própria consultoria McKinsey alerta que "existe a possibilidade de ocorrerem novos apagões se não forem feitos investimentos em geração de energia nos próximos cinco anos".
Já que reduziu muito seu próprio investimento para poder dar conta do aumento dos gastos administrativos, com a dívida pública e com a Previdência Social , o ideal seria que o governo estimulasse o investimento privado no setor. O problema é que as constantes mudanças nas políticas econômicas, aliadas à complexidade e à instabilidade do marco regulatório, afugentam investidores. Segundo o Banco Mundial, 41% dos contratos de concessão no Brasil são renegociados, mais que a média de 30% da América Latina. Pior: 75% das renegociações são feitas pelo próprio governo, o que só ocorre em 25% dos casos na média da região.
Para enfrentar esse cenário, a McKinsey defende, entre outras iniciativas, o estímulo às parcerias público-privadas (PPPs), que tiveram sucesso em setores da Colômbia e do Chile. No entanto, ressalta a consultoria, os poucos projetos desse tipo em andamento no Brasil "devem ser gerenciados com cuidado, para estabelecer uma reputação positiva entre os investidores, como ocorreu no Chile". (FJ)
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