A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) terminou a segunda-feira bem melhor do que começou, embora tenha fechado em queda de 0,20%. A melhora das bolsas norte-americanas à tarde permitiu ao Ibovespa devolver as perdas exibidas desde cedo e subir. Mas a pressão dos papéis do setor siderúrgico e de construção civil levou o índice de volta para baixo, ajudada pelo sinal negativo das blue chips Petrobras e Vale.
O Ibovespa perdeu 0,20%, aos 35.717,21 pontos, depois de oscilar entre a mínima de 34.427 pontos (-3,81%) à máxima de 36.373 pontos (+1,63%). Com o desempenho de hoje, a Bolsa acumula perdas de 4,13%, e, no ano, de 44,09%. As 18h32, Dow Jones e Nasdaq caiam 0,79% e 0,55%, respectivamente.
O dólar no mercado à vista pisou em terreno negativo à tarde, mas rapidamente retomou a alta exibida desde a abertura. No fechamento, o pronto subiu 0,31%, a R$ 2,277 na BM&F e no balcão A máxima pela manhã foi de R$ 2,325 (2,42%) e a mínima à tarde, de R$ 2,265 (-0,22%) no balcão. A venda pelo BC de cerca de US$ 494 milhões em contratos de swap cambial no início da tarde de hoje ajudou a aliviar a pressão inicial sobre o dólar à vista, disse o gerente de câmbio do Banif Investment Bank, Jairo Rezende.
A segunda-feira reuniu todas as variáveis para as ações caírem. Recessão no Japão, queda das commodities, indicadores débeis nos Estados Unidos, notícias de cortes de empregos e um encontro pouco produtivo do G-20. Ontem à noite em Brasília, chegou a notícia de que a economia japonesa tinha também entrado em recessão - seguindo Reino Unido e zona do euro. No terceiro trimestre, depois de amargar uma queda de 0,9% de abril a junho -, o PIB japonês se contraiu 0,1%.
Nos EUA, a produção industrial dos EUA em outubro até que veio forte, mais do que era esperado (+1,3% ante 0,4% estimado), mas o problema foi no dado de setembro, que foi revisado de um número ruim para um ainda pior. Passou de uma queda de 2,8% para uma baixa de 3,7%, a maior desde fevereiro de 1946. O outro dado divulgado lá hoje também foi fraco: o índice Empire State de atividade industrial caiu para -25,43 em novembro, nível recorde de baixa - embora ligeiramente melhor do que os -27 previstos pelos economistas.
Na economia real, o mercado de trabalho mostrou sinais de fraqueza, pelo menos nos fragilizados bancos. O Citigroup vai diminuir seu quadro de funcionários em 50 mil e o HSBC já cortou 450 empregos em suas operações em Hong Kong. E a minerador australiana BHP Billiton informou que houve um adiamento de pedidos de compra de minério de 5% de sua produção, o que parece ter sido patrocinado pelas siderúrgicas chinesas, segundo analistas.
Na Bovespa, com a queda das commodities, as blue chips Vale e Petrobras recuaram - Vale ON, -1,29%, PNA, -0,82%, Petrobras ON, -0,16%, PN, -1,49%. Na Nymex, o contrato para dezembro do petróleo perdeu 3,66% e fechou em US$ 54,95.
As siderúrgicas tiveram recuo um pouco mais firme e ajudaram a sustentar o Ibovespa em baixa. Gerdau PN perdeu 3,29%, Metalúrgica Gerdau PN, -2,99%, Usiminas PNA, -0,73%. CSN ON foi exceção ao subir 1,72%.
As maiores baixas do Ibovespa, no entanto, foram do setor de construção civil. Gafisa ON liderou as perdas ao cair 8,23%, seguida por Rossi Residencial ON, -7,88%, e Cyrela ON, -6,76%. Resultados fracos no terceiro trimestre, revisão das metas de lançamentos e vendas para 2008 e 2009 e a renovação dos temores de que a recessão das economias desenvolvidas vai contaminar o mercado doméstico explicam o forte desconto do setor, segundo operadores ouvidos pela reportagem.