Economista sugere mais ação social
Em um momento de forte baixa da economia que segue uma catástrofe natural, como a que ocorreu em Santa Catarina, alguns economistas defendem a adoção de políticas públicas com forte caráter anticíclico, ou seja, em que os gastos públicos seguram a demanda. Essa abordagem vale especialmente para o território catarinense, que teve setores abalados pela situação de calamidade e cujo colapso pode abalar as economias vizinhas, segundo o coordenador técnico do escritório catarinense do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese/SC), José Álvaro Cardoso.
A devastação provocada pelas chuvas de novembro em Santa Catarina teve impactos sobre a economia do estado vizinho que somente agora começam a ser calculados e que terão reflexos no Paraná. Segundo estimativas das entidades empresariais, apenas o Vale do Itajaí deixou de produzir mais de R$ 700 milhões por causa da enchente, enquanto a safra agrícola deve ter perdas de R$ 415,5 milhões.
"Os estados do Sul têm uma economia mais complementar do que concorrencial. Ao mesmo tempo em que as indústrias de lá ficam paralisadas e perdem vendas, as empresas do Paraná têm que encontrar novos mercados", diz o economista e professor da FAE Business School Gilmar Mendes Lourenço.
Segundo ele, o Paraná é um forte consumidor dos setores plástico e metal-mecânico de Joinville e Jaraguá do Sul, no Norte catarinense, e do setor têxtil e de malhas do Vale do Itajaí. Matérias-primas para construção civil, como aço e conexões plásticas, também vêm de Santa Catarina. Por isso, algumas fábricas paranaenses sentiram sinais de falta de insumos.
Outro efeito dos problemas em Santa Catarina é, segundo o coordenador do conselho temático de infraestrutura da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Paulo Ceschin, que empresas paranaenses podem suprir lacunas que surgiram em algumas cadeias produtivas, como no setor ceramista. "Nossas empresas podem até atender a uma demanda, graças a pequenas brechas que se criam no mercado com uma defasagem momentânea dos concorrentes. Mas ninguém ousa considerar isso uma vantagem."
Reconstrução
Como as economias são complementares, empresas do Paraná devem participar da reconstrução da infraestrutura catarinense entre portos, estradas e as próprias cidades. "Temos grupos empreiteiros experientes, que são capazes de atender à demanda. É claro que isso depende da existência de recursos provindos dos governos, mas já há sinalizações positivas indicando essa reconstrução", diz Lourenço.
Para Ceschin, o desastre em Santa Catarina ilustra a fragilidade e corrobora o apelo antigo das federações de que a infraestrutura do Sul precisa de atenção. "A infraestrutura na Região Sul vive sempre no limite, e os acidentes naturais ou políticos, como houve com a Bolívia mais de uma vez, demonstram a nossa fragilidade nessas horas. E isso é incompatível com investimentos, a indústria precisa ter previsibilidade como requisito para investimentos", frisou.
Ceschin ressalta a complementariedade das economias falando que a infraestrutura "não existe separadamente". "No caso do rompimento do gasoduto que acontecem em Santa Catarina. Se fosse no Paraná, seriam os três estados do Sul a parar. E se fosse em São Paulo o problema? Nas rodovias hoje fica claro o problema de falta de opções logísticas", disse.
Na última reunião do fórum industrial-parlamentar do qual participam as federações industriais dos estados do Sul, o grupo enviou à Comissão de Orçamento da Câmara a solicitação de R$ 5 bilhões em investimentos em infraestrutura, dos quais R$ 1,4 bilhão seriam destinados ao Paraná. Mas a situação ainda está emperrada, segundo Ceschin. "Ao menos para o primeiro trimestre de 2009, não deve haver novidades."
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