Praticamente todas as máquinas agrícolas da nova geração chegam ao mercado certificadas para rodar com biodiesel. Enquanto o país se prepara para atender a legislação do B-2 (adição de 2% de óleo vegetal ao diesel comum), a indústria coloca no mercado tratores e colheitadeiras B-5, meta que o Brasil planeja atingir somente em 2013. A Valtra, fábrica de tratores pioneira no uso do combustível renovável, lançou ontem na Agrishow o B-20, um motor resultante de 18 meses de testes e que susbstitui o B-5, mistura homologada para a empresa no ano passado.

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Leandro Marsilli, diretor de marketing da Valtra, explica que o trator sai com garantia de fábrica para usar até 20% de óleo vegetal e 80% de diesel. Para o produtor, no entanto, a decisão de operar ou não com a mistura na proporção tecnicamente aprovada não será tão simples. Comercialmente, somente a fórmula B-2 estará disponível no Brasil a partir de 2008. Para usar o B-20, ele teria que produzir o biodiesel para consumo próprio. Uma das alternativas é fomentar a produção do combustível por cooperativas, que podem fornecer o produto para seus cooperados sem implicação legal.

As adaptações para uso do óleo vegetal são mais comuns no setor agrícola, mas também estão sendo testadas para outros fins, como em motores automotivos e industriais. A Cummins, que fabrica motores a diesel no Brasil desde 1974, já adotou a mistura B-5 em toda a sua linha de produção. Nos Estados Unidos, no mês passado, o grupo colocou no mercado os motores B-5. No Brasil a mistura maior está em testes e deve ser incorporada em janeiro de 2009, informou ontem Luís Pasquotto, diretor técnico-comercial da empresa. Para este ano, a Cummins projeta a venda de 3 mil motores agrícolas, um crescimento de 28% em relação a 2006.

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O sucesso do projeto biodiesel no Brasil, no entanto, está relacionado à qualidade do combustível utilizado. Luís Chain, gerente de marketing da Cummins, destaca que os motores estão preparados para um produto de qualidade e certificado de acordo com as normas da Agência Nacional de Petróleo (ANP). "A produção de fundo de quintal pode comprometer o desempenho do motor e a viabilidade econômica de utilização da mistura." (GF)