A maioria dos aliados do presidente Michel Temer no Congresso considera que o governo precisa concentrar os esforços em cada uma das propostas do ajuste fiscal. Avaliam que, primeiro, o importante é discutir e votar a PEC do Teto dos Gastos (única formalmente apresentada ao Legislativo), depois a reforma da Previdência e, em seguida, a reforma trabalhista.
Há quem avalie que o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, tenha se precipitado em apresentar detalhes da proposta da reforma trabalhista, o que poderia dificultar ainda mais a aprovação do ajuste por supostamente passar a impressão de retirada de direitos.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defende que o Executivo aprecie cada matéria individualmente. “Um passo de cada vez, na minha opinião”, disse ele, defensor de uma forte estratégia de comunicação para aprovar o ajuste e que, dias atrás, chamou de “inócua” a decisão do governo de apresentar a reforma da Previdência até o fim do mês. “Ninguém está exigindo que se faça tudo de uma única vez. Se perder a primeira, pode perder as outras”, completou.
A líder do governo no Congresso, senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), também apoia a discussão fatiada das propostas. “Tem que ir devagar, tudo no seu tempo”, afirmou ela, ao considerar que, sem um debate transparente, o ajuste poderá não ser aprovado.
O líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), afirmou que não vê dificuldades em discutir as três reformas ao mesmo tempo, como está ocorrendo.
Ele disse que cada uma das matérias será votada a seu tempo e destacou que a PEC do Teto está com a tramitação “bem adiantada”. “Claro que a votação deverá ocorrer uma de cada vez exatamente porque cada um tem o seu momento”, disse o parlamentar.
“Ilusão”
O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que participou das votações das reformas da Previdência de FHC e Lula, disse que o governo está “iludido” se considerar que somente por ter uma “aparente” grande base parlamentar vai conseguir aprovar todas as reformas.
Segundo o petebista, embora considere que Temer tenha uma aliança no Congresso superior à do tucano e à do petista, ele não tem um apoio popular como os ex-presidentes.
“O governo quer sinalizar para o mercado que está mexendo em tudo, mas não quer dizer que vai conseguir mudar esses direitos”, disse Faria de Sá, ao exemplificar, por exemplo, que a PEC do Teto dos Gastos do jeito que está não vai ser aprovada pelo Congresso.
Rolo compressor
Há parlamentares da base, contudo, que defendem a tese de se aprovar de uma só vez as reformas. Uma linha de atuação chamada por alguns de rolo compressor.
A intenção é que, com isso, se reduza o desgaste político do governo e até mesmo dos parlamentares.
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