As agências de classificação de risco Standard & Poors (S&P) e Fitch Ratings rebaixaram as notas da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) nesta terça-feira, após o anúncio da conclusão da aquisição da canadense Inco.
Apesar disso, o mercado recebeu bem a notícia da operação e as ações preferenciais da companhia fecharam em alta de 3,34% na Bolsa de Valores de São Paulo.
É que, apesar do rebaixamento, a Vale manteve o "investment grade", ou seja, grau de investimento - classificação de papéis considerados pelos investidores como investimento "prudente" ou "seguro".
O S&P rebaixou a classificação de BBB+ para BBB . A nota, segundo a S&P, reflete o "aumento significativo da alavancagem financeira da CVRD para financiar a oferta, que será paga totalmente em dinheiro". Já a Fitch rebaixou a nota de probabilidade de inadimplência da empresa em moeda local de "BBB" para "BBB-", com perspectiva estável.
A Vale anunciou nessa segunda-feira que já fechou a aquisição de 75,66% do capital da empresa , mas a companhia ainda ampliou o prazo para que os demais acionistas possam aceitar a oferta de compra até 3 de novembro. Com isso, a empresa espera adquirir quase a totalidade do capital da Inco, que custaria US$ 17,2 bilhões.
Com a aquisição, a Vale, que já era a maior produtora de minério de ferro do mundo, se torna a segunda maior mineradora global, atrás apenas da australiana BHP Billiton. A Inco é a segunda maior produtora de níquel do mundo. No Brasil, a empresa deve se manter como a segunda maior empresa do país em valor de mercado, atrás apenas da Petrobras .
Na Bovespa, as ações ordinárias da empresa subiram 4,63%, a R$ 54,40. As preferenciais avançaram 3,34%, para R$ 45,99.
A analista da corretora Ágora Sênior, Cristiane Viana, vê de forma positiva a aquisição e mantém as recomendações de compra das ações da companhia. Na avaliação da analista, desde quando a oferta foi anunciada pela Vale, em agosto, o mercado penalizou muito as ações da empresa e os papéis se desvalorizaram mais do que deveriam. Por isso, há uma tendência de valorização no momento, segundo ela.
O analista da Tendências Consultoria, Bruno Rocha, também considera que o negócio foi muito positivo para a Vale.
- É muito importante para a Vale. A empresa tinha uma carteira muito concentrada em minério de ferro. Com a aquisição, a empresa diversifica a carteira com o níquel que é um produto muito valorizado no mercado - avalia.
Ele lembra que o níquel já se valorizou 120% do início deste ano até setembro, mas que as perspectivas são de manutenção dos preços do metal, com leve alta no ano que vem. Por isso, acrescenta, apesar de a Inco estar muito valorizada, puxada pela alta de seu principal produto, a empresa terá uma geração de caixa muito forte, o que compensaria a compra com o valor elevado.
A oferta da Vale foi feita no dia 11 de agosto e, em um primeiro momento, os mercados reagiram mal à notícia.Presidente da Vale, Roger Agnelli, no dia do anúncio da oferta de compraNo entanto, o presidente da Vale, Roger Agnelli, admitiu que o preço era alto, mas justo, ressaltando a importância da aquisição para a empresa brasileira.
No dia 10 de outubro, um pool de mais de 20 bancos ofereceu mais de US$ 34 bi para que a empresa adquirisse a Inco e o crédito funcionará como empréstimo-ponte na conclusão da aquisição da empresa.
De acordo com comunicado, a Vale informou que pretende "tomar medidas para adquirir as ações ordinárias da Inco remanescentes no mercado".
Até sexta-feira passada a adesão dos acionistas da Inco à oferta era de mais de 30%, segundo uma fonte próxima à operação. Para concluir a aquisição da companhia, a Vale precisava de adesão de dois terços dos acionistas da empresa canadense.
Pelo acordo para a aprovação da operação pelos órgãos reguladores canadenses, a Vale se comprometeu a não realizar demissões na Inco nos próximos três anos. Depois disso, as demissões terão de ser limitadas a 15% do total de funcionários da empresa canadense, que tem 100 anos de tradição no país.
A Vale informou ainda que pretende recompor o Conselho de Administração da Inco e tirar as ações da companhia das listas das bolsas de Nova York e Toronto assim que possível.
A empresa brasileira acrescentou que pretende, assim que o número de acionistas da Inco for reduzido, fazer com que a mineradora canadense deixe de ter obrigação de divulgar informações no Canadá e nos Estados Unidos.
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