Depois dos engenheiros, é a vez dos farmacêuticos
Se a demanda aquecida no mercado de construção civil provocou uma verdadeira caça aos engenheiros qualificados nos últimos anos, agora outras profissões prometem repetir o descompasso entre a oferta e a procura
Rotatividade
Brasileiro troca mais de emprego que profissionais de outros países
O esforço das empresas em achar e manter funcionários não é à toa. O brasileiro nunca trocou tanto de emprego e está difícil encontrar interessados para postos de trabalho que se abrem principalmente na construção civil, no comércio e nos serviços.
Taxa de desemprego historicamente baixa em outubro ela estava em 5,4%, a menor para outubro desde 2002 e um mercado de trabalho que vem mantendo o ritmo de geração de vagas fizeram crescer em 70% do volume de pessoas que pediram demissões no Brasil nos últimos três anos. Hoje um terço dos empregados que deixam as empresas o fazem por vontade própria, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
A disputa pelo empregado vem inflacionando salários. Pesquisas da área de recursos humanos mostram que os salários de executivos subiram mais de 30% em dois anos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio real habitual do brasileiro já descontado a inflação dos salários cresceu 14% desde 2008. Em outubro, atingiu R$ 1787,70, 4,6% superior ao mesmo período do ano passado.
Puxado pelo boom imobiliário, o setor da construção viu crescer 143% o rendimento médio do trabalhador do setor desde 2003. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) no Paraná, Normando Baú, com a falta de alguns profissionais, os salários cresceram bem acima dos pisos das categorias. Em Curitiba, é possível encontrar mestre de obras com salários de até R$ 5 mil.
Crescimento baixo, falta de investimentos e recuo no PIB industrial são os principais problemas dos economistas do governo nos últimos meses. Menos mal que eles não precisem se preocupar com o nível de emprego. Pelo contrário: a taxa de ocupação anda tão alta que está sendo difícil contratar. Na tentativa de driblar a falta de mão de obra, as empresas estão elevando salários iniciais, investindo em banco de talentos, "importando" trabalhadores de outras cidades e até pagando prêmios para os funcionários que indicarem novos candidatos para as vagas abertas.
A Leroy Merlin aumentou seus salários iniciais de R$ 813 para R$ 1027 no ano passado, implantou remuneração variável e adotou prêmios para os funcionários que indicam pessoas para as vagas abertas. "Pagamos um jantar, distribuímos brindes e damos folga para quem trouxer pessoas para as vagas. Hoje essa modalidade responde pela maior parcela do nosso recrutamento", afirma o diretor de loja Érito José Favarão.
O empresário e chef Júnior Durski paga em média R$ 300 para o funcionário que indicar alguém para as vagas abertas na rede de restaurantes Madero. Há dois anos ele começou a "importar" mão de obra de cidades do interior do Paraná, como Prudentópolis, Ponta Grossa, Castro e União da Vitória e do interior de São Paulo, como Itararé, Itapeva e Capão Bonito. A ideia era fazer frente ao projeto de expansão da rede. "Investimos em treinar gente sem experiência. Pagamos passagem de ida e volta e salário durante o treinamento, que dura 90 dias, além de oferecermos alojamento, auxílio médico e odontológico nesse período", diz. Terminado o período de treinamento, o novo garçom, passa a ter um salário de R$ 1,3 mil, mais benefícios.
O restaurante-escola da rede treina em média 120 pessoas por mês, segundo Durski. "Hoje temos uma rotatividade de 4%. Parece pouco, mas para um universo de 1050 funcionários, são 40 pessoas", diz. Cada restaurante gera em média 50 vagas e Durski planeja abrir, além dos dois projetados até o fim do ano, mais 17 em 2013 no interior do Paraná, São Paulo, Florianópolis, Porto Alegre e Manaus. Para cada restaurante, o investimento em treinamento é de R$ 250 mil, segundo ele.
Cargos de maior qualificação, como os ligados ao setor de tecnologia, também vivem um período de disputa por profissionais. "Esse não é um fenômeno anormal. Em um cenário de pleno emprego é natural que haja maior disputa pelo empregado e preocupação maior na retenção de talentos, com pacote de benefícios maior", afirma Fernando Estrazulas, diretor para Brasil, Argentina e Chile da indiana Wipro, da área de tecnologia da informação.
Com um novo contrato fechado recentemente com um cliente global, a empresa abriu mais 100 vagas - no total a empresa emprega hoje 550 pessoas no país. A operação brasileira tem em média de 30 a 40 vagas permanentemente abertas, de acordo com o executivo. "A rotatividade é maior nos cargos de menor qualificação, quando chega a 8%. Mas nos cargos mais técnicos, ela é de 5%. Ainda assim é a metade da média de mercado", diz.
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