No Paraná, apesar da minirreforma tributária, vendas dos supermercados ficaram abaixo da média do país| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

Regional

No Paraná sobem vendas de informática

Adriano Ribeiro, especial para a Gazeta do Povo

A venda de materiais para escritório e equipamentos de informática mais que dobrou no Paraná em maio e ajudou a puxar o desempenho de todo o varejo do estado, aponta a pesquisa divulgada ontem pelo IBGE. Diferentemente dos resultados nacionais, em que os grandes responsáveis pela retomada do comércio varejista foram os super e hipermercados, os números do Paraná mostram que lojas de computadores e impressoras venderam 129% mais produtos do que em maio de 2008.

Nessa mesma base de comparação, o total do varejo paranaense cresceu 5,7%. Sobre abril, a elevação foi de 1,3%. Em ambos os casos, o aumento é maior do que a média nacional. As vendas do comércio no país subiram em maio 0,8% na comparação com abril. Em relação a maio do ano passado, houve alta de 4% no varejo brasileiro.

O economista da coordenação de serviços e comércio do IBGE, Reinaldo Silva Pereira, não soube apontar os motivos para o resultado excepcional nas vendas de equipamentos de informática, mas destaca que o desempenho do setor no estado vem melhorando desde meados de 2008. "Em setembro do último ano, por exemplo, no início da crise econômica, o Paraná cresceu 187,7% nessa área", lembra.

O resultado do setor de livros, jornais, revistas e papelaria também chama atenção. O crescimento nas vendas desses produtos, de 37,3% ante maio de 2008, foi o maior do Brasil. Já a falta de crédito justifica a desaceleração no setor de móveis e eletrodomésticos no estado (-10,6%). "O crédito se retraiu muito nos últimos meses e a diminuição das vendas atingiu o Paraná e muitos outros estados", diz Pereira. Nem a redução do IPI nos produtos da linha branca colaborou para um melhor resultado. "O consumidor tem um preço reduzido, mas ainda precisa parcelar o fogão ou a geladeira", destaca.

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Veja como as vendas do comércio reagiram em maio
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Rio de Janeiro - A alta de 6,7% em maio em relação ao mesmo mês do ano passado nas vendas de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo foi um dos principais fatores para a retomada no comércio nacional. No Paraná, entretanto, mesmo com a minirreforma tributária que desonerou em abril cerca de 95 mil itens de consumo no estado, o varejo alimentício (jargão usado para definir o segmento de super e hipermercados) cresceu 4,7% em maio, ou 2 pontos porcentuais abaixo da média brasileira. Após dois meses de queda, as vendas do varejo no país apresentaram crescimento de 0,8% em maio em relação a abril. No Paraná, a alta foi de 1,3%. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Considerando ainda os setores de veículos e construção civil, que vendem também para o atacado, a expansão no varejo brasileiro foi de 3,7% – resultado influenciado pela redução do IPI concedida para produtos desses setores. Em relação a maio de 2008, a expansão do varejo foi de 4%, menor do que os 7,1% verificados em abril, mas ainda considerada positiva pelo IBGE. Segundo Reinaldo Silva Pereira, da coordenação de serviço e comércio do instituto, o desempenho tem sido sustentado sobretudo pela massa salarial, que, apesar do aumento na taxa de desemprego, está acima da verificada no ano passado. Ele destaca ainda a desaceleração da inflação dos alimentos como outro fator que tem contribuído para as vendas do setor.

Nada exuberante

O economista para América Latina e emergentes do Merrill Lynch, Felipe Illanes, avalia que, apesar de os dados reforçarem uma recuperação da economia, não se trata de uma retomada "exuberante". "Temos pela frente um mercado de trabalho que deve continuar fraco e não é correto ficar contente demais com a possível performance da demanda doméstica no balanço do ano", afirmou o economista.

Além do mercado de trabalho, Illanes ressaltou que a indústria segue fraca. "Dentro da produção industrial os setores mais dinâmicos parecem os que foram favorecidos por medidas temporárias, como a redução do IPI. Então não se sabe até que ponto a recuperação é difundida ou sustentada lá na frente."

Illanes disse que o consumo deve continuar puxando a recuperação da economia brasileira. "O Brasil vem mostrando maior capacidade de sustentar seu consumo. Além disso, a economia está se beneficiando do processo de ajuste de estoques e outro elemento deve ser a contribuição da balança comercial, das exportações líquidas", disse.

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Concorda o economista-chefe do Banco Safra de Investimentos, Cristiano Oliveira, para quem o consumo das famílias foi menos afetado pela crise que os investimentos. "O índice mostra clara desaceleração em relação a 2008, mas indica que o consumo das famílias tem sido menos afetado pela desaceleração da economia do que os investimentos e as exportações", afirma Oliveira. "Em nossa opinião, o indicador de vendas no varejo (restrito) deve registrar crescimento próximo a 4% em 2009, ante alta de 9,40% em 2008. Nossas simulações indicam que a redução da taxa real de juros é um dos fatores que têm impulsionado as vendas varejistas no Brasil."