O presidente da Varig, Marcelo Bottini, enviou correspondência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva informando que a empresa aérea pode parar nesta quinta-feira. A notícia foi publicada nos principais jornais do país nesta quarta-feira, mas o presidente da empresa aérea mudou o discurso e minimizou, esta manhã, a possibilidade de a Varig parar. O que está em jogo, ao que tudo indica, é a pressão para que o governo ajude a empresa.
- Eu descarto sim, sem dúvida - disse Bottini nesta quarta-feira ao ser perguntado se havia risco de a Varig parar por falta de recursos.
De acordo com reportagens publicadas nos principais jornais do país nesta quarta-feira, a empresa estaria em situação crítica e perto de interromper seus serviços.
Bottini lembrou que há 10 anos o mercado escuta boatos de que a Varig vai parar, mas que a empresa continua trabalhando para resolver seus problemas financeiros.
O executivo disse que solicitou encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para conversar sobre a situação da Varig e que tem feito contatos com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Com caixa bastante limitado, a Varig pediu ao governo carência no pagamento de contas à Infraero e à BR Distribuidora pelo menos até o segundo semestre, informou Bottini.
A juíza da 8ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, Marcia Cunha, reforçou nesta quarta-feira, após assembléia de credores, o discurso defendido em entrevista ao jornal "Valor", de que o risco de a empresa parar suas atividades se torna mais concreto pela situação crítica da companhia.
- Não posso prever se a Varig vai parar hoje, amanhã ou em um mês. O fato é que a situação da empresa está cada vez mais crítica. Uma empresa que ingressa em um processo de recuperação judicial já se encontra em situação delicada. A Varig está há dez meses na recuperação e até agora não conseguiu injeção de capital. Por isso, o risco de parar aumenta. Mas pode se reverter se a companhia conseguir investidores. Quem resolve isso não é a Justiça e sim o mercado. Se a empresa não conseguir injeção de capital pode se tornar insolvente - disse a juíza.
Segundo Marcia Cunha, os credores da companhia, pela lei, têm o direito de pedir a falência da Varig mas, até agora, nenhum deles entrou com pedido na Justiça.
Em entrevista publicada nesta quarta-feira no jornal, a juíza já havia sinalizado que "sem caixa, não tem jeito".
- Ou os credores aceitam a proposta de compra feita pela VarigLog ou o governo terá que acenar de alguma forma para colocar recursos na companhia - disse a juíza ao "Valor".
A proposta apresentada pela VarigLog para a compra da operação da Varig dificilmente será aceita, segundo credores presentes à reunião ocorrida terça-feira na sede da empresa, no Rio.
Para a presidente do Sindicato dos Aeronautas, Graziella Baggio, a nova proposta "é um verdadeiro desastre".
Depois de adquirir em janeiro a VarigLog por US$ 46 milhões, o grupo Volo, composto por empresários brasileiros e o fundo de investimentos americano Matlin Paterson, ofereceu cerca de US$ 50 milhões a US$ 70 milhões pela marca da companhia e para pagar indenizações visando à demissão de 5 mil a 6 mil funcionários.
A idéia seria separar a "Varig boa" da "Varig ruim", e colocar novos recursos apenas na primeira. Isso deverá ser votado em assembléia dentro de 15 dias. Com a separação, a pesada dívida de mais de US$ 7 bilhões da Varig ficaria com a Fundação Ruben Berta, atual controladora da empresa, enquanto a Volo aportaria cerca de US$ 350 milhões na nova Varig para recuperar seus aviões e pagar alguns fornecedores imediatos, garantindo a operação da empresa.
A frota cairia dos atuais 71 aviões - sendo 15 parados -- para 48, e o quadro de funcionários ficaria em torno dos 4.900 empregados. O pedido ao governo seria de uma concessão por 20 anos.
- Essa proposta causaria um caos social, 48 aviões não atendem à necessidade do mercado, seria um calote generalizado nos credores, duvido que seja aprovada - avaliou Graziela, que se disse muito mais confiante na continuidade do plano de recuperação judicial.
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