Os segmentos de móveis e vestuário do Paraná estão entre os que mais sentiram o baque da valorização cambial. Pequenas e médias empresas vinham ampliando as vendas para outros países, mas viram sua competitividade cair na mesma proporção que a cotação do dólar. "Está muito difícil fechar novos contratos para a próxima coleção de verão no Hemisfério Norte", diz o gerente de comércio exterior da Associação Paranaense da Indústria do Vestuário (Vestpar), Milton Rossi.
Com o câmbio desfavorável, o planejamento feito pelo empresário Álvaro Baggio Moscalewski, dono da confecção de Curitiba Água Fresca, ficou longe de ser cumprido. Ele esperava exportar 35% da produção, mas chegou apenas a 15%. "Mesmo clientes com quem já tínhamos uma relação estreita recuaram." Um exemplo é a grife Replay, que em 2004 comprou 35 mil peças da Água Fresca para lojas no Chile e no Peru. A encomenda neste ano caiu para 2 mil itens, apenas para o público peruano. "O custo de produção é parecido nos países concorrentes. Só que nós enfrentamos juros mais altos e um câmbio que nos desfavorece", analisa o empresário. Como o cenário para os próximos meses é desanimador, o faturamento da confecção, que chegou a R$ 3,5 milhões, não deve passar de R$ 1,2 milhão neste ano.
O mesmo problema ocorre na Arte Prima, outra confecção de Curitiba que entrou recentemente no mercado internacional. A empresa tem uma loja licenciada no Paraguai, onde perdeu rentabilidade neste ano. O volume de peças enviadas caiu pela metade. "Também não conseguimos repetir uma venda de 5 mil peças que fizemos para o México em 2004", diz a gerente Luciane Simoni. "Tentamos trabalhar com a tabela antiga, mas precisamos fazer um reajuste em dólar."
Na Niroflex, fabricante de móveis de Arapongas, a queda do dólar foi acompanhada de um reajuste de até 30% no preço de algumas linhas para exportação. O efeito foi uma redução brusca nos embarques (de até 120 contêineres por mês em 2004 para 30 hoje). "Estamos cumprindo contratos fechados com dólar a R$ 3. É um prejuízo que temos de assumir", diz o gerente da área cambial, Fernando de Alencar. A entrada de pedidos para 2006 ainda é coisa rara na Niroflex. Tanto que ela voltou sua estratégia para o mercado interno. "O Brasil respondia por 25% das vendas em janeiro e agora absorve 40%." (GO)
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