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Vivendi fez "gol de mão" para levar GVT, diz Telefónica

Ainda ressentido pela perda da GVT para a Vivendi, o presidente da Telefónica no Brasil, Antônio Carlos Valente, afirmou que fazer gol de mão não vale, referindo-se a possíveis irregularidades no negócio envolvendo os franceses.

A Telefónica esteve envolvida em uma batalha com a Vivendi pela aquisição da GVT, que o grupo espanhol via como melhor alternativa para ampliar sua atuação, hoje concentrada no Estado de São Paulo, para todo o Brasil.

"(A perda da) GVT foi uma tristeza para a companhia", disse Valente a jornalistas nesta terça-feira (8).

A Vivendi anunciou em 13 de novembro ter assegurado uma participação majoritária no capital da GVT, por meio de acordo com os controladores e contratos irrevogáveis de opção de compra de ações da empresa-alvo.

O grupo francês se dispôs a pagar, em sua oferta vencedora, 56 reais por ação da GVT, acima dos 50,50 reais apresentados pela Telesp, subsidiária da Telefónica no país.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou no final de novembro que investigações levantaram dúvidas sobre a capacidade de as contrapartes da Vivendi nos contratos de opção de ações honrarem seus compromissos.

"Estávamos tentando colocar a bola no gol com o pé. Fazer gol com a mão não pode", afirmou Valente, que classificou a operação entre Vivendi e GVT de "um pouco heterodoxa".

Em partida no último dia 18, o capitão da seleção francesa de futebol, Thierry Henry, ajeitou a bola com a mão em lance que resultou em gol contra a Irlanda e classificou a França para a Copa do Mundo de 2010. Henry admitiu o toque de mão na jogada, mas disse que não era o árbitro.

"Nós viemos obedecendo a lei e com transparência em nossa oferta pela GVT. Sempre achamos que poderíamos oferecer mais, porque temos sinergias óbvias com a GVT e conhecemos o mercado brasileiro", comentou Valente.

Investimentos

Para enfrentar o aumento da competição esperado com a chegada da Vivendi por meio da GVT ao mercado brasileiro, a Telefónica prepara proposta comercial mais "agressiva" em termos de preço para clientes de Internet rápida.

Em 2010, o grupo pretende investir mais de 2 bilhões de reais no Brasil, com foco no negócio de banda larga.

A previsão da empresa era de realizar investimentos de 2,4 bilhões de reais neste ano, mas a suspensão das vendas do serviço de banda larga Speedy durante alguns meses e a valorização do real contra o dólar, que torna equipamentos importados mais baratos, farão com que o valor gasto até o final do ano seja menor.

Sem a GVT, Valente disse que a companhia vai agora buscar sinergias com a operadora celular Vivo, que tem o controle dividido por Telefónica e Portugal Telecom.

A Vivo detém uma licença nacional para a exploração de serviços de TV paga por satélite (DTH), e a Telefónica oferece a terceiros infraestrutura para o provimento de serviços de TV, citou Valente, sem dar mais detalhes.

De acordo com o executivo, existem poucas oportunidades de aquisições no mercado brasileiro. Ele frisou que a empresa não está em negociações atualmente para alguma compra de ativo de rede.

Ao mesmo tempo, disse que a opção de se construir novas redes de telecomunicações no país é pouco viável, dado o nível de competição no mercado.

A companhia, que em meados deste ano ficou por dois meses proibida de vender o Speedy por falhas no serviço, resolveu todos os problemas e agora está buscando adicionar valor para os atuais clientes.

Valente afirmou que isso envolve permitir que os usuários possam se conectar à Internet em outros locais além de suas residências.

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