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Mercados

Voláteis, bolsas recuperam parte das perdas

Operador da Bolsa de Nova York observa cotações após anúncio do Fed: dúbio, comunicado derrubou as cotações do dólar | Stan Honda/AFP
Operador da Bolsa de Nova York observa cotações após anúncio do Fed: dúbio, comunicado derrubou as cotações do dólar (Foto: Stan Honda/AFP)

Em um dia de intensa volatilidade, as bolsas globais recuperaram ontem parte das perdas da segunda-feira. A melhora foi atribuída à mensagem do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) de que a taxa de juros permanecerá no nível atual – entre zero e 0,25% ao ano – pelo menos até 2013. Alguns analistas também disseram que os preços das ações ficaram atraentes após as quedas generalizadas desde a semana passada.

O Ibovespa, "termômetro" da BM&F Bovespa, avançou 5,1% no fechamento, a maior alta desde 29 de outubro de 2009. Longe de apontar um rumo, porém, a bolsa brasileira mostrou que está entre as mais voláteis do mundo: de um grupo de 15 grandes bolsas, foi a que mais caiu na segunda-feira e a que mais subiu ontem. O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York subiu 3,98%. Na Ásia e em parte da Europa, no entanto, boa parte das bolsas caiu (veja quadro nesta página).

Apesar da melhora, ninguém se arrisca a afirmar que a retomada dos mercados vai se manter nos próximos dias. Maior prova disso é que o ouro – refúgio buscado em momentos de tensão – renovou sua cotação recorde (US$ 1.743 a onça, ou 31,1 gramas) e os juros pagos pelos títulos do Tesouro americano mantiveram-se em queda, o que ocorre quando a procura pelos papéis é grande.

"A nossa realidade hoje é esta: pânico e euforia", sintetizou o gestor de renda variável da Infinity Asset Management George Sanders, referindo-se às quedas de segunda-feira e às altas de ontem mundo afora. Para Jorge Knauer, diretor de tesouraria do Banco Prosper, não foi um dia de recuperação, e sim de alta volatilidade. "A tendência dessa volatilidade é ir diminuindo, mas não vai zerar. Não vejo um agravamento nos próximos dias, mas está longe de dar uma tranquilizada", disse.

Controvérsia

Embora a sinalização do Fed, de que vai manter os juros em baixa, ajude as bolsas, o comunicado do banco central dos EUA decepcionou alguns analistas, que esperavam medidas de aquecimento à economia norte-americana (veja texto abaixo).

"O mais importante do pronunciamento do Fed foi a falta de mais notícias ruins. Logo após a divulgação do comunicado, o mercado chegou a tomar um susto com a afirmação de que a recuperação pode levar mais tempo, mas depois houve a percepção de que a coisa não era tão ruim assim", afirmou Clodoir Vieira, economista da corretora Souza Barros.

BC europeu volta a comprar títulos de Itália e Espanha

O Banco Central Europeu (BCE) voltou ontem a comprar bônus da Espanha e da Itália. As aquisições somaram pelo menos 2 bilhões de euros, com vencimentos de até cerca de dez anos, informou um operador. Mais cedo, outro operador havia afirmado que as compras foram feitas em montantes de 10 milhões a 50 milhões de euros, abaixo dos montantes de 50 milhões a 100 milhões de euros comprados pelo BCE anteontem – quanto a instituição comprou bônus da Espanha e da Itália pela primeira vez. As intervenções tiveram sucesso em reduzir os yields (retorno ao investidor) dos bônus de dez anos, diminuindo os receios de que os custos de financiamento dos dois países pudessem subir para níveis insustentáveis. Os yields de ambos os países ficaram próximos de 5% – no mês passado, eles estavam acima de 6%.

Grécia

A Grécia levantou um total de 812,5 milhões de euros com a venda de títulos do Tesouro de 26 se­­­ma­nas, com yield levemente abaixo do oferecido em leilão similar realizado no mês passado. No en­­tan­­to, os custos de fi­­nan­­ciamento de curto prazo da Gré­cia ainda estão altos, apesar do no­vo pacote de ajuda ao país fechado em julho.

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