O ministro da Defesa, Waldir Pires, considerou "absolutamente inadequadas" as declarações da empresa Excel Air, proprietária do jato Legacy que colidiu com o Boeing da Gol, culpando os controladores de vôo pelo acidente aéreo, ocorrido no final de setembro, no norte de Mato Grosso. De acordo com o ministro, é preciso aguardar a investigação da Aeronáutica para apontar os culpados.

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Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, no Rio, Waldir Pires disse que o sistema de controle de tráfego aéreo brasileiro tem nível de segurança comparável ao da Europa e dos Estados Unidos. O ministro disse ainda que, independentemente de qualquer diálogo com a torre de controle, os pilotos não deveriam ter fugido do plano de vôo previamente acertado.

- A torre, normalmente, pensa em quando o avião está saindo e qual o destino final, mas não é ela que determina as altitudes e o curso das coisas. Isso é o plano de vôo. E, no plano de vôo, evidentemente, estava escrito que o avião deveria marchar a 37 mil pés de São José dos Campos até Brasília e em Brasília deveria descer a 36 mil pés - disse o ministro.

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Em nota divulgada nesta terça-feira, a ExcelAire responsabiliza os controladores de vôo brasileiros pelo acidente. Na nota, a empresa expressa sua solidariedade com as famílias das 154 vítimas, mas afirma que é cedo para ações indenizatórias. Também nesta terça, um grupo de dez parentes de vítimas entrou com ação na Justiça Federal americana contra a ExcelAire e a Honey Well, esta última fabricante do transponder que equipava o jatinho.

Aeronave está sob seqüestro da Justiça

O juiz substituto José Henrique Neiva de Carvalho, da 1ª Vara Cível Residual, em Campo Grande, concedeu liminar ordenando o seqüestro do jato Legacy. O avião, fabricado pela Embraer, está na Base Aérea da Serra o Cachimbo, em Mato Grosso. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) deve ser responsável pela guarda da aeronave. Desde 7 de outubro o jatinho estava impedido de sair do país. A nova decisão bloqueia também a possibilidade de venda, já que o valor do avião, em torno de R$ 52 milhões, seria a garantia de indenização das vítimas. Em seu despacho, o juiz também tornou indisponíveis todos os bens que possam existir no Brasil da empresa ExcelAire, proprietária do Legacy, e dos pilotos americanos Joseph Lepore e Jean Paul Palladino, incluindo contas bancárias.

Decisão anterior proferida pelo desembargador João Mariosi, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, datada do dia 7 de outubro, já havia impedido que o jatinho Legacy saísse do Brasil, mas não proibia a venda.