Depois de a juíza que determinou o bloqueio do WhatsApp no Brasil ter reclamado de a companhia ter respondido questionamentos em inglês, a companhia diz ter se reunido com representantes da polícia, do Ministério Público e com a própria magistrada. E repassado informações em português.
“Parece ser extremo cortar o acesso de 100 milhões de pessoas por causa de um único e-mail”, disse Matt Steinfeld, diretor de comunicações da companhia, à reportagem.
Em sua decisão, a juíza Daniela Barbosa de Souza, da 2ª Vara Criminal da Comarca de Duque de Caxias, mostrou-se bastante irritada com o comportamento da empresa durante a tramitação de investigações.
Souza diz ter enviado um ofício à empresa pedindo a quebra de sigilo de informações trocadas pelo aplicativo para investigações criminais. Acabou recebendo de volta um “e-mail redigido em inglês, como se esta fosse a língua oficial deste país”. Ela considera o fato um “total desprezo às leis nacionais”.
Segundo Steinfeld, entretanto, a empresa fez reuniões com autoridades, incluindo Souza, para explicar os motivos de não repassar as informações à Justiça – o app argumenta que as mensagens trocadas ficam criptografadas de uma ponta à outra da conversa.
“Nós mostramos como funciona a criptografia ponta a ponta, fornecemos um estudo em português de como ela funciona, indicamos até um especialista técnico que poderia ser recusado, o que foi recusado”, disse o executivo.
Já a magistrada afirmou que o Facebook, dono do WhatsApp, foi notificado três vezes e mesmo assim não cumpriu a decisão de interceptar as conversas no aplicativo.
“A empresa recebe ofício de uma autoridade de um país onde possui empresa extremamente lucrativa e não cumpre a decisão. E ainda pede para ser comunicada em inglês e faz perguntas inapropriadas sobre a investigação em andamento. Isso não é agir com o devido respeito. É tratar o Brasil como republiqueta.”
O diretor diz que, apesar da sucessão de problemas do aplicativo no Brasil, com ao menos quatro decisões desfavoráveis, ele afirma que está fora de cogitação promover mudanças no sistema -como criar meios de “furar” a barreira de segurança para que autoridades possam acessar dados e investigar crimes.
“Não é algo que podemos fazer e não queremos abrir nenhum precedente para que isso aconteça”, afirmou.