Pelo menos 30 mil professores e servidores das escolas estaduais do Paraná – ou cerca de 50% do quadro efetivo – amanheceram de greve nesta segunda-feira (17), segundo balanço inicial da APP-Sindicato, que organiza a paralisação. Os professores e servidores lutam pela retirada das emendas da Lei de Diretrizes Orçamentárias, enviadas pelo governo à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), que afetam o cumprimento da data-base.
Balanço da Secretaria Estadual de Educação (Seed) mostra, por outro lado, que a adesão ainda é baixa. Embora não divulgue a quantidade de professores e servidores adeptos ao movimento, a pasta informou em um primeiro balanço, divulgado por volta das 10h30, que, das 1.640 escolas do estado que não estão ocupadas - e, portanto, já sem atividades - , aproximadamente 1,2 mil (74%) estão com aulas totais ou parciais neste primeiro dia de greve. O restante (26%) está parado.
A Seed informou, também nesta manhã, que 460 escolas estão ocupadas no estado.
“Estamos trabalhando para que a categoria tenha um começo de greve muito forte, com a presença de maioria. Nós estamos dialogando com as regionais”, afirmou o presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão. Segundo ele, os 29 núcleos sindicais estão sendo orientados a visitar as escolas para dialogar com professores, servidores e pais, estudantes e também com a própria comunidade.
Conforme Leão, ainda é difícil prever os números da adesão porque algumas escolas estão funcionando parcialmente, outras começaram a segunda-feira (17) sem aula e ainda tem as que estão paralisadas em virtude da greve do movimento estudantil contra a reforma do Ensino Médio.
De acordo com o sindicato, são 60 mil professores e servidores estaduais em todo o Paraná.
Na quarta-feira (19), o governo do estado irá apresentar um balanço financeiro para as organizações sindicais. “Aguardamos que o governo possa atender principalmente o item que tem levado os servidores à greve: a retirada dos projetos de lei que retiram nossos direitos. O governo do Paraná atacou um compromisso importante estabelecido com a categoria em 2015: o de jamais enviar projetos de lei que retirassem direitos adquiridos. O principal responsável por essa greve é o próprio governo”, completa Leão.
Em entrevista à Gazeta do Povo, o chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni (PSDB), disse o pedido de suspensão da tramitação da emenda que adia o reajuste, feito na semana passada, foi um indício de que o governo quer dialogar. “Vamos esgotar o diálogo e, se necessário, o projeto só será votado no final de novembro”, afirmou.
Abrangência
A paralisação pode atingir mais de 1 milhão de alunos nas 2,1 mil escolas espalhadas pelo Paraná, às vésperas do Enem e dos vestibulares.
Ao menos outras duas categorias também iniciaram a segunda-feira (17) em greve: os policiais civis e os professores das universidades estaduais. Para Marlei Fernandes, coordenadora geral do Fórum das Entidades Sindicais (FES), outras categorias podem aderir ao longo da semana.
Ocupações
O último balanço divulgado pelo movimento Ocupa Paraná, no sábado (15), informa que 470 escolas estão ocupadas - dez a mais do que o apontado pela Seed. No final da última semana, dois colégios de Londrina foram desocupados. No Albino Feijó Sanches, os alunos cumpriram uma ordem judicial de reintegração de posse. Já os alunos que estavam no Colégio Professora Vani Ruiz Viessi deixaram o espaço voluntariamente.
No domingo (16), o governo do Paraná também decretou recesso escolar entre esta segunda-feira (17) e sexta-feira (21). A semana de aulas será reposta entre o Natal e o Revéillon – entre 22 e 28 de dezembro.