Quase um quarto dos cursos superiores das áreas de ciências da saúde e agrárias vai passar por uma vistoria do Ministério da Educação (MEC) durante o próximo ano. O resultado do Exame Nacional do Desempenho do Estudante (Enade), divulgado nesta quarta (6), mostra que 508 cursos não conseguiram ir além de notas 1 e 2 no Conceito Preliminar do Curso (CPC), o novo instrumento utilizado pelo ministério para avaliar as instituições.

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O CPC une os resultados da prova do Enade com outros dados levantados pelo MEC no Censo do Ensino Superior e no questionário sócio-econômico que os próprios estudantes preenchem ao fazer a prova. É, segundo o ministro da Educação, Fernando Haddad, um avanço pedido pelas instituições e pelos próprios estudantes, que consideravam a avaliação do ensino superior muito baseada nos resultados obtidos pelos alunos.

Quando se desconsidera o novo conceito criado pelo MEC e se analisa apenas o Enade - a nota da prova simples, calculada em cima da média obtida pelos alunos - o resultado é ainda pior do que os 508 cursos que passarão por supervisão. São 722 com Enade 1 e 2, 33,9% dos 2.128 cursos avaliados e que tiveram conceitos válidos publicados

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Mais do que isso, o resultado é muito pior do que há três anos, quando essa mesma área foi avaliada pela primeira vez. Na época, com 1.427 cursos com conceitos válidos, os cursos com Enade 1 e 2 eram apenas 10,4% do total. Em três anos, o número de cursos que participam de todas as fases do Enade cresceu 50%. Mas o número de cursos ruins triplicou

Essa é a segunda vez que a área de ciências agrárias e da saúde é avaliada - o sistema criado pelo MEC ocorre a cada três anos. Enfermagem, por exemplo, tinha apenas 196 cursos avaliados em 2004. Agora, são 540, a maior área do Enade este ano. Desses, 104 são ruins.

Protocolo

A partir do CPC, as instituições com notas 3 para cima terão sua renovação automática. Já os 1 e 2, precisarão assinar um protocolo de intenções com o MEC para sanear os problemas apontados na avaliação. Se não as cumprirem em um prazo máximo de um ano, um processo administrativo será aberto, podendo chegar, na punição máxima, ao fechamento do curso.

Hoje, durante a divulgação dos resultados, o Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular divulgou uma nota acusando o MEC de não ouvi-las sobre a criação do CPC e de prejudicar a imagem das instituições com a divulgação do novo conceito. "Só vai prejudicar a imagem das ruins. Só se preocupa com a avaliação quem não fez um bom trabalho. Quem fez (um bom trabalho), ganha com a visibilidade", disse Fernando Haddad

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