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A escolha certa

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Foi para fazer amigos que Júlio pediu à mãe para mudar de escola. Hoje, adaptado ao novo colégio, vê seu rendimento melhorar |

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Foi para fazer amigos que Júlio pediu à mãe para mudar de escola. Hoje, adaptado ao novo colégio, vê seu rendimento melhorar

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Que com educação não se brinca, todos os pais já sabem. Mas como saber qual escola é a melhor para seu filho? A partir deste mês, muitas famílias terão de se deparar com essa questão e encontrar a resposta. É em setembro, enquanto os alunos ainda têm um bimestre para o fim do ano letivo, que os colégios abrem a temporada de matrículas para 2009.

Só que, com a profusão de opções de escolas e o que elas oferecem – seja em metodologia pedagógica, em aulas especiais, atividades extracurriculares –, tem sido cada vez mais difícil escolher uma só opção, já que a missão é a de separar o joio do trigo e ficar com o trigo.

Quem pensa em mudar o filho de escola em 2009, agora é o momento de iniciar o processo de escolha. "Alguns pais já começam a pesquisa em junho, e quanto antes começar, melhor", diz a pedagoga e diretora do colégio Novo Ateneu, Vera Izabel Pugsley Julião.

A coordenadora pedagógica do Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão (Ibpex), Shiderlene Almeida, destaca que o rol de atrativos que muitas escolas oferecem é uma estratégia de marketing para conquistar os pais. "Estes precisam investigar e saber que não existe escola melhor ou pior, certa ou errada, e sim a que melhor se adapta ao estilo de aprendizagem da criança."

Percepção e diálogo

O primeiro passo nessa investigação é conhecer as escolas. Visitar as instituições e conversar com a coordenação é indispensável. "O pai tem de ter em mente que não é vergonha perguntar. Ele está contratando um serviço muito sério, do qual depende o futuro do filho", destaca a diretora de administração escolar da Secretaria Estadual de Educação do Paraná (Seed), Ana Lúcia Albuquerque Schulham.

É desta forma que a pós-graduada em Educação Ambiental, Maria Luíza Cabral, pretende encontrar uma nova escola para a filha, Maria Alice, de 4 anos. "O primeiro lugar em que a matriculei seguia a pedagogia Waldorf [que preconiza a auto-educação da criança, tendo o educador a função de criar de um ambiente propício para que isso se realize], mas mudei de casa e precisei trocar de escola. Visitei muitas, mas não gostava do que via", conta.

A escolha que fez para 2008 não foi satisfatória. Nem a mãe nem a filha se adaptaram ao novo sistema. "Sinto falta de participar mais do processo de educação". Agora, Maria Luísa e o marido procuram outra instituição para a garota. "Nos interessamos por uma escola que trata da psicologia integrada e que parece bastante preocupada com questões do meio ambiente", diz.

Questionar como a metodologia de ensino é colocada em prática também é essencial. A professora de Pedagogia da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Marilza Pessoa da Silva, explica que entender o que diz as duas principais correntes teóricas facilita o diálogo: "existe a linha liberal, que gerou a escola tradicional, mais voltada para a formação para o trabalho, para o resultado. A linha progressista, por sua vez, leva em consideração a função política e social da escola, dela resultam modelos como o sócio-construtivismo, com o objetivo de formar um ser mais crítico."

Escolas possíveis

Sabendo das diferentes correntes teóricas de ensino, cabe aos pais procurar qual modelo mais se alinha com a filosofia da família. O que não pode acontecer, fala a professora de Psicologia do Desenvolvimento da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Rosa Maria Marioto, é que se espere que a escola compense as falhas da educação em casa. "A escola tem de ser parceira, não reparadora", ressalta.

A psicóloga destaca que uma boa dica é ter em mente que não existem escolas ideais e sim escolas possíveis. Nesse sentido, a melhor é a que mais se aproxima dos hábitos da família. Mas não é só isso. Outros fatores devem ser levados em conta na hora de pensar em mudança, mesmo que pareçam motivos secundários. Foi o caso da estudante de Teologia Telma Scariot, mãe de Maria Eduarda, 8 anos, e de Lucas, de 7, que, apesar de satisfeita com a antiga escola, procurou um outro colégio que fosse mais perto de sua casa. "Sou ‘mãetorista’ deles, mas não podia fazê-los atravessar a cidade todo dia para chegar à escola", diz Telma.

No processo de escolha, a mãe tomou algumas atitudes recomendadas pelos especialistas: "conversei com colegas do meu marido que estudaram e hoje têm seus filhos na mesma escola. Levei as crianças para conhecer o ambiente. Como gostaram bastante, matriculei-os lá", relata.

Não deixar de fora o bem-estar do estudante no novo colégio é um dos itens importantes. "Nossos filhos já passam boa parte da vida na escola. Se não for minimamente bom para eles, não tem como", afirma a consultora de marketing Gláucia de Salles Ferro que, por esse motivo, procurou há poucos meses outra escola para o filho Júlio, de 13 anos. "Ele chegou no antigo colégio há um ano e entrou em uma turma em que todos já se conheciam há tempo, e não se enturmou. Sem amigos, seu rendimento caiu. E pior: eu via que ele não estava contente."

A solução foi apostar em um colégio de menor porte, em que o menino teria um atendimento mais personalizado. O resultado foi quase imediato. Cercado de amigos, Júlio é enfático: "agora me sinto bem melhor. Até minhas notas vão melhorar."

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