Um aluno da Universidade Estadual de Londrina (UEL) custa ao governo, em média, R$ 12 mil ao ano, segundo dados de 2013. No mesmo ano, um aluno mantido em instituições privadas através do Programa Universidade para Todos (Prouni) custou, em média, R$ 2,7 mil. A diferença é gritante e explica por que o governo federal vem investindo mais em programas como esse do que na criação de novas vagas em instituições públicas.
Criado em 2004, o Prouni já garantiu mais de 2 milhões de bolsas de estudo parciais e integrais em universidades privadas a estudantes brasileiros de baixa renda. Ao lado do Financiamento Estudantil (Fies), o programa é uma importante maneira de assegurar qualificação profissional a jovens que, historicamente, dificilmente conseguiriam espaço em universidades públicas.
A oferta de vagas a partir do Fies e da renúncia fiscal do Prouni implica menos gastos para a União do que a abertura de novas universidades públicas e a ampliação do atendimento nas já existentes, com a contratação de professores, construção de bibliotecas e investimento em laboratórios e salas de aula.
Em 2013 – o cálculo de 2014 ainda não foi concluído por causa da greve dos servidores – cada aluno da UEL custou, em média, R$ 1.039 ao mês. “O que pesa muito nessa média são os cursos da saúde, que têm um custo médio por aluno de quase R$ 5 mil”, explicou o diretor de Planejamento e Desenvolvimento Administrativo da UEL, Luis Fernando Casarim. Segundo ele, a metodologia utilizada pela UEL para calcular o custo de cada aluno é bastante complexa e pouco encontrada em outras instituições. Ela considera a folha de pagamento, equipamentos, materiais, atividades, entre outros fatores.
Casarim ressalta que instituições com cursos mais voltados para a área de humanas têm um custo por aluno bastante inferior. “Se não tem cursos que exigem muitos equipamentos, laboratórios, o custo cai bastante. Na UEL, por exemplo, o aluno de ciências contábeis custa R$ 490 por mês; de economia, R$ 536; de direito, R$ 730.” Isso explica, segundo ele, por que é tão raro encontrar alguns cursos em instituições particulares. “Física e química, por exemplo, são cursos que quase não existem na iniciativa privada porque precisam de laboratórios que custam caro e a demanda é muito pequena.”
No Prouni, as bolsas são concedidas pelas instituições privadas em troca de isenção fiscal. Segundo dados do Ministério da Educação, em 2013, a renúncia fiscal foi de cerca de R$ 1 bilhão, para 379.353 alunos beneficiados. Dividindo-se o valor da isenção pelo número de bolsistas, o resultado é um montante de R$ 2.787 anuais por aluno.
Para o economista e administrador Marcos Rambalducci, que tem vínculos com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e com a Faculdade Pitágoras, não seria surpresa se a diferença nos custos por aluno da UEL e do Prouni fosse ainda maior. “O aluno de universidade pública tem o ensino mais voltado para a pesquisa, para o desenvolvimento de soluções. Nas instituições privadas, o foco é o mercado de trabalho. A carga horária dos professores em sala de aula é bem diferente nas duas instituições. Por isso a vaga na instituição privada sai mais barata”, avaliou.