Aos 55 anos, Wellington está terminando o ensino médio. Mas não consegue fazer que dois de seus três filhos se interessem pela escola| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

O fato de mais da metade dos jovens não concluir o ensino mé-dio na idade correta – no fundamental, o índice chega a quase 40% – revela que o Brasil está longe de garantir um bom fluxo escolar para seus alunos. Wellington de Moraes é prova disso. Aos 55 anos de idade, o motorista deve terminar o ensino médio, por meio do programa Educação de Jovens e Adultos (EJA), no primeiro semestre do ano que vem. Longe da escola durante mais de três décadas, ele retomou os estudos por vontade própria e também estimulou a mulher, Maria de Moraes, de 50 anos, a voltar para a sala de aula.

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O motorista conta que abandonou a escola aos 19 anos, quando decidiu trabalhar para ajudar nas despesas da casa. À medida que os anos se passaram, a vontade de voltar para os bancos escolares desapareceu. Porém, a idade avançada e a necessidade de se manter no mercado de trabalho fizeram Wellington repensar sua postura a respeito da educação. "Preciso de um emprego para sobreviver e, quanto mais estudo eu tiver, mais fáceis as coisas vão ficar", afirma.

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O esforço de Wellington e Maria, no entanto, não serviu de exemplo para dois dos três filhos do casal. Guilherme, de 14 anos, acaba de repetir a 7ª série do ensino fundamental. Já Felipe, de 24, que havia recomeçado o ensino médio no início deste ano, voltou a abandonar a sala de aula. "Só agüentei três semanas. No momento, não tenho disposição para isso", revela o jovem. Segundo ele, foi difícil, inclusive, suportar as 30 horas de aulas teóricas na auto-escola para tirar a carteira de motorista. "Meu pai sempre me incentivou a estudar", conta. "Mas, hoje, ele nem fala mais nada. Já cansou de me aconselhar."

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