Olavo e a psicopedagoga Sabrina: Língua Portuguesa deixou de ser bicho-papão para ser tornar a disciplina preferida do menino| Foto: Hedeson Alves/ Gazeta do Povo

Dicas

Veja como organizar melhor seus estudos:

> Procure um local calmo e iluminado, antes de começar a estudar.

> Estipule um horário diário para estudar. Os estudos precisam ter hora para começar e acabar.

> Organize suas tarefas numa agenda, com os prazos para a entrega de cada um delas. Não deixe tudo para a véspera, é melhor ir fazendo os exercícios aos poucos.

> Lembre-se de que estudar também exige treino, assim como nos esportes coletivos, como futebol e basquete. Por isso é necessário fazer exercícios.

> Não deixe a aula acabar antes de tirar todas as dúvidas com o professor. Entender o conteúdo que está sendo repassado é o primeiro passo para ser bem-sucedido nos estudos.

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Pra começar

Confira algumas dicas que podem ajudá-lo a descobrir "o seu jeito" de aprender:

> Preste atenção nos seus sentidos: você consegue entender melhor ouvindo, vendo ou escrevendo?

> Adote uma estratégia particular. Exemplo: se escrever facilita a memorização, faça resumos do conteúdo aprendido.

> É essencial que o aprendiz encontre motivação nos estudos, querer aprender é um importante passo para o sucesso.

> Trace metas e faça auto-avaliações constantemente, para saber onde e como melhorar.

Fracasso também é da escola

O trabalho clínico, oferecido pe­­las empresas de psicopedagogia, só existe porque a escola está de­­fasada em relação aos tipos de aprendizagem de cada criança. A opinião é da doutora em Educa­ção e coordenadora do curso de especialização em Psicopedago­gia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Eve­lise Portilho. "A escola está presa a uma estratégia única de ensino. Na maioria das vezes o indivíduo não aprende porque a sua maneira é diferente do professor. Isso reflete num círculo vi­­cioso, para um trabalho extra que poderia estar sendo feito pe­­la própria escola", diz.

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A disciplina que antes fazia Ola­­vo Dias, 9 anos, torcer o na­­riz, agora é a preferida do estudante da 3.ª série do ensino fundamental. O sentimento em re­­lação à Língua Portuguesa foi transformado, depois que o me­­nino passou a receber acompanhamento psicopedagógico e descobriu a sua própria ma­­neira de estudar. "Antes eu es­­tudava só quando meus pais mandavam, agora estudo até quando nem mandam. Para treinar", diz.

O mesmo ocorreu com Fer­nando Henrique Martins, que com 16 anos está no 1.º ano do ensino médio e só lembrava de estudar na época de provas. "Apren­­di a estudar. Agora estudo aos poucos. Organizo as tarefas, não gasto tanto tempo e te­­nho notas melhores", diz.

Tanto para Olavo quanto pa­­ra Fernando, a procura para uma melhora na organização dos estudos foi motivada pelo resultado ruim nos boletins es­­colares. Os dois encontraram fora de casa e da escola, em em­­presas especializadas, o auxílio que necessitavam.

No Centro Psicopedagógico Parceria, em Curitiba, um instrumento de trabalho, chamado de Help (Hábito de Estudo Livre Personalizado), foi desenvolvido pela psicopedagoga Sabrina Jany Guetta Gelhorn e sua equipe, a partir de uma experiência de 30 anos de atendimento a crianças e adolescentes com dificuldades escolares. "Resgatar o prazer pelo estudo é o mais im­­portante", diz Sabrina.

A ideia central do Help é que cada um desenvolva seu próprio método de estudo. A partir de uma avaliação inicial, o próprio aluno, com auxílio de um mediador, vai montar seu planejamento. "O objetivo é dar au­­tonomia ao estudante. É im­­portante ter horário para começar e terminar o estudo, assim como um tempo reservado para brincar também", diz a psicopedagoga.

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Quando necessário, o aluno é encaminhado para aulas particulares, que ocorrem dentro do mesmo local, e para tratamento médico ou psicológico, que ocor­­re em outros espaços. Para os itens avaliados inicialmente são admitidos valores de referência, que são acompanhados constantemente.

Trabalho interdisciplinar

Já no Centro de Desenvolvimento Humano, que funciona em Curi­­tiba há 20 anos, o médico neurologista da infância Nelson Guer­chon e uma equipe formada por psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos e professores monitores, apostam num método de trabalho interdisciplinar. O atendimento é feito inicialmente pelo neurologista, que faz o diagnóstico inicial.

Depois dessa etapa, cada aluno é encaminhado para a reabilitação, que ocorre no mesmo espaço físico e é pautada no trabalho em grupo. "A intenção é simular as condições em que o indivíduo vive, estuda ou trabalha. Muitas dificuldades estão relacionadas ao comportamento. Um adulto sozinho não consegue simular as condições de uma sala de aula com outras 45 crianças", diz o neurologista.

O projeto encabeçado pelo neurologista é intitulado de Estimular e atende crianças alfabetizadas ou não, com deficiências e adolescentes com diagnósticos de distúrbios relacionados à aprendizagem. Visitas periódicas às escolas e apoio às famílias das crianças e adolescentes atendidos fazem parte do programa. "As famílias também precisam de apoio. Nem todos sabem lidar com a criança no momento da tarefa", diz o neurologista.

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Na opinião de Guerchon, a pior pergunta que um pai ou uma mãe pode fazer para um filho, depois da escola é: como foi sua aula? O melhor seria perguntar que aula ele teve e ir discorrendo sobre os conteúdos que ele trabalhou em cada uma das aulas. Essa atitude, segundo explica o neurologista, estimula a memória curta das crianças e adolescentes, uma dificuldade que atinge cerca de 60% de cada sala de aula nos moldes atuais.