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Vizinhança alcoólica

Beber até cair é comum entre jovens

O bar 14 Bis fica na frente da FAE Centro Universitário e atrai alunos | Marcelo Elias / Gazeta do Povo
O bar 14 Bis fica na frente da FAE Centro Universitário e atrai alunos (Foto: Marcelo Elias / Gazeta do Povo)

Frequentados em comemorações, despedidas, trotes ou por puro hábito, os bares mais próximos dos câmpus são praticamente uma extensão da universidade para muitos alunos. Embora o consumo moderado de álcool seja socialmente aceito, é o modo como os jovens bebem que preocupa especialistas. Estudos recentes mostram que beber para se embriagar chega a ser um objetivo comum para muitos dos estudantes que frequentam bares – façam eles parte da vizinhança universitária ou não.

Uma pesquisa elaborada na Universidade Federal do Paraná (UFPR), divulgada em setembro, mostrou que 40,2% dos 1,5 mil universitários entrevistados para o estudo afirmaram ter bebido em excesso pelo menos uma vez nos 30 dias que antecederam a aplicação do questionário. Quando a análise é feita somente entre os veteranos, o índice sobe para 54,5%. O estudo foi apresentado como dissertação de mestrado por Guilherme da Silva Gasparotto, professor do Departamento de Educação Física da universidade.

Felipe Mayerle / Gazeta do Povo

Segundo a psiquiatra e professora de Medicina na Universidade Estadual Paulista (Unesp) Florence Kerr-Corrêa, pesquisadora do consumo de álcool entre estudantes, ao contrário do que muitos pensam, o maior risco aos estudantes não está na frequência com que bebem, mas na quantidade. "O acadêmico não bebe todo dia, mas, quando bebe, consome até ficar embriagado. Esse é o padrão que mais mata no Brasil."

Florence lembra que, além dos riscos de coma alcoólico, a embriaguez pode levar o universitário a assumir uma série de comportamentos perigosos, como envolver-se em brigas, contrair doenças sexualmente transmissíveis ou dirigir com os sentidos alterados. Segundo a pesquisadora, levantamentos feitos por ela constataram que o consumo excessivo é notado principalmente entre estudantes que moram sozinhos. "É comum esse perfil de estudante considerar que não há muitas formas de se divertir que não sejam com álcool. A ausência dos pais contribui para o abuso", explica.

Rito de passagem

Para Osmar Ponchirolli, filósofo e professor de graduação e pós-graduação na FAE Centro Universitário, o exagero no modo de beber é típico de jovens que querem passar a ser vistos como adultos. "Sociologicamente falando, é um rito de passagem. Eles associam o consumo de álcool à atividade adulta e nisso muitos acabam se perdendo."

Ponchirolli considera que as instituições acadêmicas em geral poderiam fazer mais pelos alunos que têm problemas com álcool, tratando do assunto – inclusive em sala de aula – de modo interdisciplinar. "Não dá para fazer de conta que não acontece, nem incriminar o jovem. Temos que aprender a interpretar a situação e fazer tudo em parceria com a família", conclui.

O que você acha?

Como você avalia o consumo de bebidas por seus colegas? É exagerado? Quais as consequências? Deixe seu comentário abaixo.

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Vida e Cidadania | 2:47

Pesquisas revelam que estudantes se embriagam com frequência. Proximidade entre os bares e câmpus universitários na capital paranaense influencia exageros.

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