Alunas do ensino médio comemoram resultado do colégio de Tamarana| Foto: Gilberto Abelha/ Jornal de Londrina

Pior nota

Alunos descartam faculdade

Osmar Nunes

O Colégio Estadual Getúlio Vargas, localizado no distrito de Herculândia, em Ivaté, a 65 km de Umuarama, te­­ve a pior nota entre as escolas paranaenses. A instituição tem salas de informática com internet, biblioteca, laboratório de química e o quadro de professores está completo. Mas nem tudo isso serve para despertar nos alunos o desejo de continuar os estudos após a conclusão do ensino médio. Segundo a diretora da escola, Rosane Renon, da turma de 20 alunos que se formou no ano passado, ninguém foi para a faculdade.

Para a pedagoga Ana Cândida Becegato Delciele, é preciso fazer com que os professores trabalhem em sala de aula uma dinâmica que mude a visão dos alunos, mas isso esbarra na rotatividade do corpo docente. Menos de 10% dos 26 professores são efetivos.

Rosane lembra que até pouco tempo o que desestimulava os estudantes era a falta de opção de cursos superiores gratuitos na região. Mas agora, a Universidade Estadual de Maringá oferece cinco cursos superiores em Umuarama e já anunciou mais três para o ano que vem. O Instituto Federal do Paraná também disponibiliza cursos técnicos na cidade.

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O Colégio Estadual Maria Cintra de Alcântara, de Tamarana, Norte do Paraná, vive uma situação única. Ao mesmo tempo em que conquistou a maior nota no Exame Na­­cional do Ensino Médio (Enem) da rede estadual no estado, viu seu Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) cair de 4,3, em 2007, para 3,4 em 2009. O contraste se deve, em grande parte, aos índices de reprovação e evasão es­­colar, que continuam altos nas sé­­ries finais do ensino fundamental.A escola é a única estadual do município e atende cerca de 1,3 mil alunos com três realidades diferentes: da zona rural – inclusive alunos vindos de assentamentos ru­­rais – que estudam de manhã; os que moram na cidade e estudam à tarde; e os que trabalham ou mo­­ram na zona rural e estudam à noite. "Nós tentamos adaptar os métodos de ensino para cada uma dessas realidades que são bem diferentes entre si e exigem metodologias diferentes", diz a pedagoga Micheli Lopes Ramires Bravo.

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Segundo ela, não há mágica pa­­ra o bom resultado obtido no Enem. "O que houve foi um comprometimento da escola, da família e do próprio aluno", diz. O en­­trosamento fica mais fácil em uma cidade do tamanho de Tamarana (com pouco mais de 11,5 mil habitantes), reconhece a diretora Juliane Aparecida de Paula. "Nós fazemos de tudo para trazer os pais para a escola. E isso fica um pouco mais fácil quando você encontra com eles no supermercado e os conhece", diz.

Mesmo assim, completa, essa "intimidade" é resultado de anos de trabalho intenso. "Desde que assumi a direção, em 2006, estamos tentando fazer os pais perceberem que acompanhamento das atividades escolares do filho é importante", afirma.

Micheli e Juliane também ressaltam o fato de a maioria dos professores da escola serem concursados e não temporários. "O professor efetivo cria vínculos com a escola. Ele escolheu assumir esta vaga e aqui pretende ficar. Não que professores temporários não sejam bons, mas eles não criam vínculos. Um ano está aqui, outro ali", diz Juliane.

Ao saberem da primeira colocação do colégio, os alunos do ensino médio comemoraram. "É maravilhoso e emocionante", diz Raquel Dias Chaves, 16 anos. Segundo os estudantes, a sensação de ultrapassar escolas tradicionais, como o Colégio Estadual do Paraná e o Colégio Militar, é muito boa. "Ta­­marana desbanca Curitiba e Lon­­drina, quem diria. Isso é de­­mais", brinca Analice Giacóia, 16 anos.

Para o aposentado Ademar Dias do Nascimento, 57 anos, com duas filhas estudando na escola, a primeira colocação foi bem merecida. Ele lembra que a instituição não é "de passar a mão na cabeça dos maus alunos". "Os professores exigem dedicação, inclusive a nossa. Para eles, os pais têm que estar presentes. E isso é muito bom", afirma.

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