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Carreira política é regra para ex-presidentes da UNE

Lindbergh: ex-presidente da UNE chegou ao Senado Federal | Marcelo AndradeGazeta do Povo
Lindbergh: ex-presidente da UNE chegou ao Senado Federal (Foto: Marcelo AndradeGazeta do Povo)

O processo de fundação e consolidação da UNE (União Nacional dos Estudantes) teve início em meados da década de 30: em agosto de 1937, no Rio de Janeiro, surgia a entidade e seu primeiro presidente oficial foi o gaúcho Valdir Borges, eleito dois anos depois. 

Desde então ela se define como “um espaço democrático e plural em que convivem diversas opiniões e visões de mundo”. Mas o fato é que partidos de esquerda tem sido voz majoritária na UNE, tanto que a chapa eleita para o próximo biênio no último domingo (19), além do PCdoB, reúne também movimentos ligados ao PT, PDT e PSB, o que fundamenta uma das críticas recorrentes à entidade: servir apenas como instrumento para alavancar novos políticos. 

Veja abaixo um breve histórico dos presidentes da União Nacional dos Estudantes nos últimos 25 anos, a partir da explosão dos movimentos pró-impeachment do ex-presidente Fernando Collor. 

1992-1993: Lindbergh Farias 

Marcado como o líder estudantil que ajudou a derrubar Fernando Collor de Mello foi deputado federal pelo PCdoB ainda nos anos 1990. Migrou para o PSTU e, em 2001, filiou-se ao PT. Elegeu-se prefeito de Nova Iguaçu em 2004 e chegou ao segundo mandato quatro anos depois. Em 2010, tornou-se senador da República, reconciliou-se com Collor e agora é colega do ex-presidente na lista de investigados da Lava Jato.  

1993-1995: Fernando Gusmão 

Foi vereador e deputado estadual. Mas, em 2010, acabou derrotado na tentativa de se reeleger para a assembleia fluminense. Em 2016, já no PRB, candidatou-se a vereador novamente. O partido de Edir Macedo, porém, não foi suficiente para assegurar-lhe a vitória. A carreira de estudante não foi longe: a ficha de Gusmão mostra que ele nunca terminou a faculdade.  

1995-1997: Orlando Silva Junior 

Deputado federal pelo PCdoB, foi alçado ao posto de ministro do Esporte em 2006, durante a gestão Lula. Cinco anos depois, já no governo Dilma, teve de renunciar em meio a denúncias de que havia recebido propina. Ainda assim, elegeu-se vereador por São Paulo em 2012 e novamente deputado federal em 2014. Continua exercendo o mandato pela legenda.  

1997-1999: Ricardo Garcia Cappelli 

Trabalhou como jornalista e disputou, sem sucesso, uma cadeira de vereador na cidade do Rio de Janeiro, em 2008. Como prêmio de consolação, ganhou um cargo comissionado no Ministério do Esporte. Em 2015, foi nomeado pelo governador do Maranhão, Flávio Dino, para comandar o escritório da administração estadual em Brasília.  

1999-2001: Wadson Ribeiro 

Wadson cursou medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora, mas não concluiu o curso. Entre 2007 e 2011, teve um cargo comissionado no Ministério do Esporte. Nas eleições de 2014, quando informou ser técnico em contabilidade, obteve uma vaga de suplente na Câmara dos Deputados e chegou a exercer o mandato de forma temporária pelo PCdoB. Neste ano, foi nomeado ouvidor-geral do governo de Minas Geais pelo petista Fernando Pimentel.  

2001-2003: Felipe Maia 

Maia curso Ciências Sociais na USP (Universidade de São Paulo). Por indicação política, assumiu a ouvidoria da Ancine durante o governo Dilma. Depois, afastou-se da política dedicando-se a um doutorado Ciências Sociais na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, onde é professor.  

2003-2007: Gustavo Lemos Petta 

Único presidente da UNE a obter a reeleição, Petta foi secretário de Esportes de Campinas (SP) logo após deixar o comando da entidade. Em 2010, tentou uma vaga na Câmara Federal e conseguiu uma vaga de suplente, o que lhe rendeu uma breve passagem pela Casa. Em 2012, optou por disputar uma vaga de vereador em Campinas (SP). Acabou eleito, e renovou o mandato quatro anos depois – sempre filiado ao PCdoB.  

2007–2009: Lúcia Stumpf 

Graduada em Jornalismo na FIAM/FAAM, Lúcia integrou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social no governo Dilma. Em 2013 lançou o livro “A Batalha do Avaí: A beleza da Barbárie; a Guerra do Paraguai pintada por Pedro Américo”. É mestre em Culturas e Identidades Brasileiras pelo Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP) e, atualmente, doutoranda do Programa de Antropologia Social da Universidade de São Paulo (PPGAS/USP). 

2009–2011: Augusto Chagas 

Antes de ser eleito presidente da UNE, Augusto cursou três faculdades sem concluir nenhuma delas: em Rio Claro, interior paulista, cursou Ciências da Computação na Unesp. Não concluiu a faculdade e se mudou para São Paulo. Lá, cursou Direito na FMU, mas também não concluiu. Quando assumiu a entidade, em 2009, cursava Sistemas de Informação pela USP (Universidade de São Paulo). 

2011–2013: Daniel Iliescu 

Formado em Ciências Sociais na UFRJ, candidatou-se a deputado federal pelo PCdoB do Rio de Janeiro e não foi eleito. Em 2016 concorreu a uma vaga como vereador em Petrópolis (RJ), mas também não teve sucesso.  

2013–2015: Virgínia "Vic" Barros 

Cursou Direito na UFPE e estuda Letras na USP. Em seu mandato, a UNE militou pela aprovação, no Congresso Nacional, do Plano Nacional de Educação (PNE) e do Estatuto da Juventude.  

2015–2017: Carina Vitral 

Estuda Economia na PUC-SP. Em 2016, candidatou-se à prefeitura de Santos (SP) pelo PCdoB, mas não foi eleita. Teve apenas 6,6% dos votos.

2017–2019: Marianna Dias 

Eleita no último domingo (19 e filiada ao PCdoB, Marianna defende a união das frentes de esquerda. "Por meio da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo, conseguimos fazer grandes mobilizações de rua unitárias, com todos os movimentos de esquerda que fazem parte da UNE", disse. Segundo o site da entidade, a nova presidente “tem 25 anos e é estudante de pedagogia da Universidade do Estado da Bahia (UNEB)”. Marianna passou no vestibular em 2009 e, seguindo o cronograma normal, teria se formado quatro anos depois . Procurada, a UNEB não respondeu aos questionamentos da Gazeta do Povo sobre a situação de Marianna.

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