Ao comentar o levantamento do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) que mostra que desde 1980 as paralisações nas federais somam 978 dias, o ex-ministro da Educação senador Cristóvam Buarque (PDT-DF) lembrou que quando era ministro propôs que uma greve no setor só fosse declarada quando os três segmentos envolvidos - estudantes, professores e técnicos - concordassem. Cristóvam afirma que mais paga o preço pela greve é o país e os estudantes.
- O prejuízo é irreparável, a reposição de aulas não substitui a aula. O aluno perde continuidade, qualidade, motivação - diz o senador.
Há três semanas, Cristóvam apresentou um projeto de reforma universitária no qual defende a criação de cursos de interesse público e privados. Segundo a proposta, todo curso que fosse considerado de interesse público seria grátis, oferecidos ou não em universidades públicas. Os outros cursos seriam considerados de interesse privado e os que optassem por eles teriam que pagar, estudando em universidade pública ou privada.
- Por exemplo, o curso para formação de professor do ensino médio. O Brasil hoje precisa de 400 mil professores. Esse curso seria de graça, em universidade de qualidade, mesmo que particular. Agora tem curso para qual não há necessidade nesse momento ou para qual estão sobrando profissionais. São cursos que o aluno se forma para servir ao seu próprio enriquecimento e não para servir ao país - explicou o senador.
No caso de Medicina, Cristóvam defende a gratuidade na formação básica, mas afirma que isso não deveria se estender para todas as especializações.
- O estudante que fosse se formar para trabalhar no Sistema Único de Saúde não precisaria pagar o curso depois de formado. Mas o que sai da faculdade para montar sua própria clínica sim - exemplifica.
Para o senador, as greves são uma conseqüência da falta da reforma universitária. O fato de universidades estarem a mais de 80 dias sem aula mostram que é preciso rever seu papel e sua função.
- A sensação que fica é de que ela não é necessária. Imagine um bancos parado por 100 dias! O fato é que ela perdeu a sua necessidade como ela é. Não tem sido capaz de se reciclar e atender a três coisas: o setor econômico (a área de produção), o setor social e o enriquecimento cultural (da filosofia, das artes). O setor econômico precisa de pouca gente, o social é desprezado, e o cultural você adquire fora da universidade - disse Cristóvam, acrescentando:
- Antes o conhecimento passava necessariamente pela universidade, não havia como aprender fora da universidade. Hoje se consegue isso por meio da Internet de forma mais rápida e a universidade, que exige quatro anos para isso, ficou antiquada. Por isso as greves duram.
O ex-ministro da Educação lembra que em 1987 fez um artigo sobre a morte anunciada das universidades. Ele conta que não marcou prazo, mas que acredita que isso esteja acontecendo e que a universidade vá morrer graças a colaboração de professores, governo e uma sociedade sem rumo. Ele voltou recentemente da Espanha onde discutiu, na Catalunha, o conceito de pós-universidade. Para ele, em um futuro breve, o universitário estudará à distância.
- Na pós-universidade, o aluno estuda à distância. Não vai ter endereço geográfico, mas eletrônico. Não terá prazo de formação, pois nunca estará completamente formado. Terá que estar sempre ligado à universidade, por isso não terá diploma, mas certificados.
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