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Nas escolas públicas, ao mesmo tempo em que se tenta superar os índices de reprovação, há uma sensação comum entre educadores de que os estudantes são empurrados para as séries seguintes mesmo sem estarem aptos.

Um dos fatores que preocupam os diretores são os números de alunos que deveriam reprovar, mas que não aparecem explicitamente nos índices. O de reprovação nas escolas estaduais em 2007 foi de 12,3%, o menor desde 2004. Mas no Núcleo Regional de Educação da área Metropolitana Norte, que abrange os municípios de Colombo, Adrianópolis, Almirante Tamandaré, entre outros, o porcentual foi de quase 20%.

A reportagem conversou com vários diretores e professores de escolas estaduais que confirmam não poder ter mais do que 25% de reprovação. Segundo uma professora de artes de uma escola no bairro São Braz, que prefere não se identificar, os recursos destinados a cada escola têm ligação com esse índice, por isso o receio em reter muitos alunos. "As escolas estão sujeitas ao índice de aprovação para mostrar resultados", comenta.

A professora de matemática do mesmo colégio, que também não quer se identificar, conta que muitos alunos não fazem nada durante todo ano. Deixam de entregar tarefas, perdem os livros, não estudam para a provas e não demonstram interesse em aprender. "No fim do ano, os pais aparecem desesperados pedindo trabalhos extras para recuperar a nota e evitar a reprovação", diz a professora. "Mesmo com a falta de apoio dos pais e o baixo rendimento escolar do aluno, a verdade é que existe uma tendência à aprovação."

Fábio* , de 16 anos, está no 1º ano do ensino médio. Estuda em escola pública desde a 5ª série. De acordo com a pedagoga da coordenação de legislação e ensino do departamento de educação básica da Secretaria Estadual de Educação, Edna Amâncio de Souza Ramos, a pressão nas escolas existe porque elas têm de ensinar com qualidade e os alunos precisam aprender, mas não há qualquer ligação entre a verba de cada instituição e a reprovação. "A reprovação é o reflexo de que alguma coisa dentro da instituição de ensino não vai bem, já que o índice é o espelho do trabalho realizado nas escolas."

Cada escola tem um regimento próprio, que determina qual o máximo de disciplinas em que um aluno pode reprovar para que consiga ser aprovado em conselho de classe. Nessa escola do São Braz, são três. Mesmo assim, a professora de artes conta que já viu aluno que reprovou em todas as disciplinas, mas entrou com recurso na Secretaria da Educação e conseguiu ser aprovado.

Os recursos são feitos pelos pais na própria escola e encaminhados ao Núcleo Regional de Educação. De acordo com Edna, para que o aluno seja aprovado, a lista de freqüência é avaliada, assim como é feita uma análise das provas e trabalhos aplicados pelo professor. A pedagoga explica que essa conferência serve para ver se o aluno foi avaliado de diferentes formas, já que é recomendado pela secretaria que as escolas apliquem pelo menos três tipos distintos de avaliação. Para as professoras, a conferência do livro com o conteúdo é uma forma de achar uma brecha para conseguir aprovar o estudante.

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