Filha de pais brasileiros, a estudante Giulia de Vivo Barsotti, de 8 anos, nasceu e passou os primeiros anos de sua infância nos Estados Unidos onde a família morava. Foi ainda na terra do Tio Sam que ela aprendeu a falar. O convívio diário com o idioma a tornou fluente em inglês. "Ela fala como qualquer pessoa nascida lá, com o mesmo sotaque e as mesmas gírias utilizadas pelos norte-americanos", diz a mãe, Luciana de Vivo Ribeiro.
Em 2007, no entanto, a volta ao Brasil coincidiu com o início das aulas de inglês em sua escola. Naquele momento houve o seu primeiro encontro com a gramática. "Como ela é uma menina muito esforçada, estudou bastante e conseguiu aprender e resolver esse descompasso entre a fluência e a formalidade", afirma a mãe.
Desafio tão grande quanto balancear gramática e conversação, ensinar crianças e adolescentes falantes nativos também deve ser preocupação das instituições de ensino, defendem os especialistas. Para atender Giulia, a sua escola, a Nova Geração, optou por uma grade normal, mas com o professor atento às suas habilidades. "Nossa metodologia supria as necessidades dela", diz a sua professora, Juliana Lazari.Outra opção, ainda mais focada nesse público, são as chamadas escolas bilíngues. Apesar de receberem grande quantidade de alunos vindos de fora, a maioria também aceita estudantes brasileiros. "A diferença é que lecionamos o idioma não só para ser aprendido como uma língua estrangeira. Queremos que o idioma seja a segunda língua do aluno, que ele tenha contato com ela rotineiramente", diz Kelly Thomé, diretora da Little Kids escola bilíngue de ensino fundamental.