A história da música está cheia de artistas que começaram a carreira na universidade. Os Beatles são um exemplo e, no cenário nacional, várias bandas de rock dos anos 80 encontraram condições convidativas para formar um grupo no ambiente universitário. O "empurrão musical acadêmico" continua até hoje e foi um dos temas discutidos no último Papo Universitário, ocorrido na terça-feira (19), em Curitiba. Confira o que os convidados do evento pensam sobre a universidade ser um "celeiro de artistas":
>>> Ambiente
Para Rodrigo Lemos, integrante da Banda Mais Bonita da Cidade formada por alunos da Universidade Fe deral do Paraná , a universidade é um ambiente propício para se formar uma banda, especialmente pelo constante estímulo à exposição das próprias ideias.
O fato de os estudantes estarem mais ou menos na mesma faixa etária é outro aspecto relevante na opinião de Paulo Juk, da banda Blindagem. O músico criticou a tendência de se vincular somente alguns tipos de música ao ambiente universitário, em detrimento de outros. "A música tem que ser universitária, não o sertanejo", disse, durante o evento.
>>> Incentivo
Questionado sobre a importância das instituições incentivarem as bandas que nascem na universidade, Heitor Humberto, o vocalista da Banda Gentileza também originada na UFPR, disse que o apoio pode ser visto como uma obrigação das universidades, mas trata-se de uma prática que pode render benefícios para elas mesmas. "Seria bem sensível da parte deles perceber e incentivar movimentações artísticas que surgem dali. Faria bem para todo mundo."
Sobre programas de incentivo que partem do poder público ou da iniciativa privada, o músico reforça que não se trata de algo essencial, mas seria uma ajuda capaz de alavancar muitas carreiras musicais, já que bandas iniciantes raramente têm condições de investir financeiramente em uma produção técnica mais profissional.
Lemos, no entanto, afirma que as dificuldades devem servir como estímulo para o artista melhorar. "Não estou tornando a iniciativa pública ou privada isenta de responsabilidade, mas cabe ao artista buscar seu próprio espaço."
>>> Público
Apesar de ter nascido na capital paranaense, a rapper Karol Conká revelou que faz mais shows fora de Curitiba do que nos palcos locais, em parte, devido à falta de bons espaços para apresentações. Outro motivo seria o próprio público. Karol referiu-se ao público curitibano como exigente demais, o que desanimaria algumas iniciativas de músicos locais.
A respeito da melhor forma de fidelizar o público, houve consenso entre os convidados de que a produção autoral, sem guiar-se por cópias, é o principal meio de conquistar fãs. "Quando você estiver fazendo uma música honesta com você mesmo, é muito mais fácil criar empatia com o público", foi a dica de Juk para os universitários.
Vida e Cidadania | 3:22
Os músicos paranaeses Paulo Juk, Rodrigo Lemos, Heitor Humberto e Karol Conká discutiram a carência de grandes espaços para shows, a qualidade da música feita no estado e a dificuldade do sucesso de bandas que começaram nas universidades.